terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

GUSANOS





“Gusanos” (vermes) é como são chamados os contra-revolucionários cubanos, o que é quase uma ofensa àqueles invertebrados que tem importante função social na escala biológica, ajudando na decomposição dos corpos e na formação de húmus. Os gusanos cubanos e os gusanos de todos os lugares (inclusive os gusanos brasileiros) não auxiliam em nada a sua sociedade, embora façam o possível para decompô-la. No Brasil, encontramos gusanos por toda parte, basta sair à rua. São reconhecidos pelo hábito ancestral de se apoiarem nos corruptilianos, também conhecidos como corruptilex ou malandrilianos, uma raça de mordedores platelmintes que se alimenta do sangue de todos nós em todas as épocas e todos os momentos, e não só, conforme é veiculado erroneamente pela mídia burlesca e vermilonga, nos dias de carnaval.

     São tantos que quase nos acostumamos a eles e apesar dos protestos e outros remédios igualmente ineficazes tendem a crescer vorazmente a cada dois anos e até em bem menor período, causando a peste scandalírio brasiliensis que provoca um pânico moderado a cada dois ou três dias, aliviada por jogos de futebol intermitentes.

     É próprio dos gusanos o reunir-se em grandes casas, onde ficam por horas a urdir tramas vampirescas e discursar para dessangrados microfones e câmeras sobre a sua inata capacidade de limpeza dos corpos e cofres públicos, o que fazem com muita vocação artística. É dito, muitas vezes, que aos gusanos pertence o poder vermiliforme de encantar multidões e apatetar pessoas, o que é verificado em dias de eleições pelos milhões de patéticos votos virtuais que lhes são dados por crentes e fiéis com o objetivo de mantê-los confinados naquelas casas gigantescas, jogados em divãs, a beber sangue em canudinho, ocasiões em que, depois de embriagados, cometem os célebres diálogos que tanto embevecem a nação peripatética.

   Raramente, e para geral surpresa, gusanos demasiado gordos são processados pelos mais magros e até, se não souberem usar com inteligência a sua gordura excessiva, correm o risco de ser encarcerados em lugares especiais, onde fazem um obrigatório regime de emagrecimento aliado a severo exame de consciência, e isso agrada aos votantes diminuindo a incidência de scandalírio brasiliensis por alguns minutos.

        São tantos os gusanos, tantos, neste país que já não mais nos engana, que ficou grotesco, ridículo, demasiado o fato de ter vindo aportar em praias da Bahia a súplice assumida gusana Yoani Sánchez. Teria como objetivo dar lições de gusanice afogueada não só aos baianos como, inclusive, a cariocas acostumados à malandrilite, a paulistas viciados em vermífugos, gaúchos comedores de transgênicos, mineiros acostumados a silenciosas mineirices e outros povos destes brasis anestesiados.

     Tamanha foi a surpresa causada pela presença da invertebrada visitante que, à sua chegada, muitos foram os protestos. Protestaram os apoiadores de gusanos, protestaram os que já não apoiam mais gusanos, protestaram os que desconfiam dos gusanos oficialescos e até protestaram os que não gostam de gusanos. Um protesto contido quase à força da quase força dos gusanos fardados. Mais protestos são esperados até que a rainha dos gusanos vá embora. Depois, os protestantes silenciarão, cansados, ante as goliardices costumeiras dos gusanos da terra. Ou não – como diria o baiano Caetano.

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