sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DILMA QUER UMA IMPRENSA PASSIVA E ROBÓTICA





“Segundo O Globo, Dilma pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acesso ao depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que foi publicado pela Veja. A Presidente, porém, teve o pedido negado.”
"Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Não tenho porque dizer que tem alguém envolvido, porque não reconheço na revista Veja e nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo [Tribunal Federal]. Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é correta. Não prejulgo, mas também não faço outra coisa: não comprometo prova" (http://oglobo.globo.com/brasil/).

   Se Dilma perder a eleição será por absoluta incompetência. Acredito, no entanto, que ainda existam no PT pessoas inteligentes com capacidade para minimizar todas as bobagens que a presidente tem dito ao longo desses quatro anos e, notoriamente, neste período de eleições. O melhor que essas pessoas poderiam fazer é aconselhá-la a não falar, ou falar o menos possível sobre qualquer assunto, mesmo os que ela pensa entender. Ela deveria restringir-se a ler as mensagens políticas na propaganda eleitoral gratuita e tentar decorar o que os assessores lhe passarem durante os debates. Assim, correrá um menor risco de ser derrotada por si mesma. Não que esses assessores conheçam a perfeita estratégia de um debate. Qualquer um que não seja especialista em marketing político percebe que fazer perguntas aos principais adversários equivale a dar o direito de tréplica e de ser contraditado e desmentido.

   Ao contrário do que desejaria a presidente, uma das principais funções da imprensa é o jornalismo investigativo. A imprensa livre é o único apoio que o povo tem contra o poder avassalador do Estado, das corporações, dos cartéis, das confrarias, das congregações, das associações, das companhias, das sociedades secretas – sejam elas discretas ou indiscretas. Aliás, sociedades secretas em um país democrático é uma contradição que supõe elitismo e segredos nada democráticos restritos aos escolhidos. Mas o que fazer? – a nossa democracia também é restrita.

   E deveria ser mais limitada, reservada, privada, fechada, retraída, segunda a Dilma. Para a presidente, jornalistas deveriam agir como robôs, limitando-se a repassar informações já filtradas por agências de notícias sempre ligadas a grupos de poder e seus interesses políticos. Segundo deu para entender da declaração desastrosa de Dilma Roussef, que deveria ter um mínimo de cultura e não seguir as analfabetas pegadas do Lula, o jornalismo deveria prescindir da reportagem, os jornalistas não poderiam buscar informações, ou seja, jornalistas de verdade precisariam esquecer a busca da verdade, e as “verdades” ficariam sob competência da Polícia Federal que, obviamente, é do Governo. E o Governo é de quem? Do seu partido e base aliada.

    Democracia não é isso. Se a revista Veja conseguiu um furo de reportagem ao divulgar as declarações de corruptos que se vendem por delação premiada, parabéns a ela e pêsames para os demais órgãos de informação que não o fizeram.  

    Jornalismo investigativo é muito raro atualmente. Em primeiro lugar, porque jornalista ganha muito pouco. É um assalariado com funções específicas que, muitas vezes, trabalha 12 horas por dia, senão mais. Raros são os que ganham mais que quatro salários mínimos. Em segundo lugar, porque não há interesse das grandes empresas jornalísticas em fazer jornalismo de verdade. Essas empresas manejam as informações de acordo com seus interesses políticos e econômicos. Ao contrário do que se pensa, não existe imprensa livre. Pelo menos no Brasil. Os jornalistas são obrigados a divulgar aquilo que os patrões mandam e colunistas mais ou menos sérios, engraçados, satíricos, mordazes, ou simplesmente passivos e contempladores, devem refletir a opinião dos patrões, ou serão despedidos. 

    É claro que a revista Veja conseguiu aquele furo de reportagem devido aos interesses políticos dos seus donos. Caso contrário, a exemplo de outros veículos de comunicação, nada teria feito. Mas buscar a notícia e revelar informações que seriam “confidenciais” e às quais a população não teria acesso se não fosse a ação da imprensa é um ato democrático. Se for mentira, que outros veículos de informação contrários provem que é uma falsa notícia. 

    Cercear a informação é fascismo. Com a declaração acima, Dilma conseguiu insultar milhares de jornalistas, e ofendeu a inteligência de milhões de brasileiros.

Um comentário:

  1. Excelente análise sobre Jornalismo segundo a presidente Dilma. Concordo com o Blogueiro. Parabéns!

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