sexta-feira, 26 de setembro de 2014

“UMA NOVA PARTIDA PREJUDICARIA O SANTOS”



("Como a aurora precursora...")


O Grêmio apelou para o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a decisão que eliminou o clube devido a atos racistas de cinco torcedores contra o goleiro Aranha, do Santos, na primeira partida contra o clube paulista pela Copa do Brasil de 2014.

   Depois de ouvida a acusação pífia do advogado da entidade, que argumentou que Grêmio e torcida são uma coisa só, não entendendo que cinco torcedores não fazem uma torcida de milhões de pessoas e que uma instituição esportiva é formada por seus associados e não, obrigatoriamente, por seus torcedores; e depois de ouvir a defesa gremista, que tentou ser cordata e simpática aos auditores que julgaram o caso, evitando o embate e lembrando de casos semelhantes ocorridos com outros clubes que somente receberam multas, os auditores passaram à votação.

   Paulo César Filho votou a favor da perda de três pontos do Grêmio e não da sua exclusão da competição, esquecendo de dizer que a perda de três pontos acarreta na exclusão imediata. Acrescentou uma frase que ficará na história do futebol: “Uma nova partida prejudicaria o Santos”.

   Ronaldo Piacenti seguiu o voto de Paulo César Filho, excluindo o Grêmio da Copa do Brasil, através da perda de três pontos. Flávio Zveiter disse que “É fato que houve injúria racial por arte da torcida do Grêmio” – outra pérola “jurídica”. Ele entende que cinco torcedores é parte representativa da torcida do Grêmio. Disse ainda que o Grêmio não tomou a atitude de repreender ou tirar os torcedores do estádio. Detalhe importante: a partida estava terminando e os torcedores vaiaram o goleiro Aranha porque estava fazendo “cera”. Uma observação injusta e extemporânea do senhor Zveiter.

   José Arruda Silveira Filho acompanhou o voto do relator. Portanto, ele concorda que “Uma nova partida prejudicaria o Santos”. Também votara a favor do ganho de pontos pelo Santos sem jogar com o Grêmio os auditores Gabriel Marciliano e Décio Neuhaus. Somente Caio Rocha, tomado por súbito sentimento de justiça votou pela perda de um ponto do Grêmio. Talvez por pudor os auditores Miguel Cançado e Alexander Macedo não compareceram ao julgamento. Já deveriam saber do resultado.

   Um julgamento claramente tendencioso. Seria absolutamente diferente se o clube julgado fosse o Corinthians, Flamengo, São Paulo, Fluminense... ou Santos.

   O Grêmio foi muito ingênuo em confiar na justiça futebolística, principalmente em se tratando de um clube gaúcho constantemente hostilizado pela imprensa do Rio e de São Paulo. Qual a porcentagem equivalente a cinco torcedores em relação à metade da população do Rio Grande do Sul? Essa metade foi insultada pelo Pleno do STJD e continuará a ser assim enquanto os clubes gaúchos – e não só os de futebol – não assimilarem definitivamente que nós, gaúchos, somos uma nação com usos, hábitos, costumes e cultura totalmente diferentes do restante da população da República Federativa do Brasil (que, de Federativa tem muito pouco, ou quase nada). E isso não é perdoado pelo centro do poder. Sempre que eles tiverem uma oportunidade – como agora – de espezinhar o povo gaúcho, o farão.

   Convém sempre lembrar, em tempos de memória da epopéia Farroupilha, que aquela guerra não terminou, foi adiada. Não houve a capitulação do exército gaúcho, mas um armistício provocado por traições e que traz como conseqüências, até hoje, a discriminação da nação gaúcha em relação ao restante do Brasil. Mais próximos a nós estão os uruguaios e argentinos. Infelizmente, ainda há traidores em todos os setores da vida gaúcha. Os próprios festejos farroupilhas transformaram-se em recorrentes desfiles saudosistas, mas a chama crioula não se apaga nos corações dos verdadeiros gaúchos.

   Se eles querem taças e campeonatos e tudo fazem para consegui-los, nós temos a honra a resguardar. E isso ninguém nos tira.

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