sexta-feira, 24 de abril de 2015

O SUICÍDIO DA REFORMISTA ESQUERDA MEDROSA




O Mensalão tinha o objetivo de desviar dinheiro – o nosso – para pagar uma mensalidade para os trezentos picaretas dos partidos que não são declaradamente oposição e ficam o dia inteiro naquele balcão de negócios perguntando: “quem dá mais?”. Com isso, todos ficariam muito felizes e aprovariam os projetos enviados pelo Governo ao Congresso - desde que fossem projetos assistencialistas ou meramente demagógicos e não mexessem com as estruturas do poder. O Brasil deveria continuar capitalista, seguir o modelo neoliberal na economia, aproximar-se dos Estados Unidos e cumprir algumas missões visando diminuir a influência dos países bolivarianos e de Cuba no hemisfério sul. 

   Cuba, através do Raúl Castro, está sendo comprada pelo Obama e, por enquanto, não representa perigo para o império, principalmente depois que Fidel Castro adoeceu e ficou enclausurado, fora de todas as decisões importantes. Já os países bolivarianos é outro papo. Bem que o Lula tentou aproximar a Colômbia ocupada pelos Estados Unidos da Venezuela e fez uma grande onda com a libertação de alguns prisioneiros das FARCs. Quase deu certo. Nem os guerrilheiros colombianos, nem Chávez se deixaram enganar. Chávez foi morto e Lula foi substituído pela Dilma, que é isso tudo que estamos vendo. Ou isso nada. E os países bolivarianos continuaram bolivarianos, ou seja, independentes e procurando o seu caminho pacífico para o socialismo. A Colômbia permanece ocupada pelos USA e a guerrilha segue firme, entre um e outro armistício para tomar fôlego. Não é só na Colômbia: há guerrilhas no Peru, no Paraguai... Onde mais? Por incrível que possa parecer, determinados povos são bravos e não se deixam enganar facilmente pelos seus governos entreguistas.

   Depois da descoberta do Mensalão e o nosso dinheiro não sendo mais depositado para a turma do PP, PMDB, PR, PCdoB, PT e P sei-lá-o-quê - inventaram o Petrolão. Ou o Fernando Henrique já o havia inventado em priscas eras e o PT, para não perder o hábito, seguiu o exemplo. O Petrolão tinha a vantagem de - além de pagar todo aquele pessoal que pede dinheiro para votar nos projetos do Governo - incluir as grandes empresas e a nossa burguesia que, na verdade, obedece à burguesia internacional. 

Ao descobrir que todos são corruptos, o PT aproveitou para se corromper junto. O grande projeto nacional tantas vezes anunciado por Lula e amigos foi transformado em grandes transações internacionais. Através dos bancos o dinheiro roubado era “branqueado” ou “lavado”, tornando-se um dinheiro digno, impoluto, pronto para ser sujado de novo. Os bancos, todos eles, existem para lavar dinheiro sujo - ou alguém pensa que os bancos funcionam apenas como depósitos do dinheiro dos seus clientes? Esta é a fachada. O que seria dos bancos se não existissem as máfias? Não seria; já teriam fechado há muito tempo. E o povo que poupasse o seu dinheirinho embaixo do colchão. As máfias mais famosas são as oficiais, os bancos dos governos. É nesses bancos orgulhosos de sua riqueza que são depositados fundos de todos os tipos, desde os fundos de pensões até (adivinhem?) os fundos partidários.

Com a descoberta do Petrolão, bilhões pararam de circular, contas foram fechadas, aqui e no exterior, e os bancos foram coagidos a revelar o quanto os ladrões depositavam. Dinheiro que está sendo resgatado aos poucos, e os pobres dos bancos começaram a ver diminuídos o que chamam de “ativos financeiros”. A mamata estava acabando. E aí? Aí, os títulos da dívida pública começaram a ser cobrados e o Mercado (leia-se bancos internacionais) começou a duvidar se o Governo teria condições de pagá-lo. Se não pagar, quebradeira geral; se pagar, mesmo através de novos financiamentos, o Governo se salva, mas quem quebra é o povo. 

Sem contar que, para pagar os bancos, o país entra em recessão, milhares ou milhões de pessoas são demitidas de empregos públicos, não haverá mais incentivo para produção, pesquisa, ensino, saúde, etc. E o Governo dirá que a culpa é da inflação, causada pela oscilação do mercado financeiro internacional e outras mentiras que todos estamos acostumados a ouvir. A verdade é que o Governo está tão atrelado aos bancos que, sem eles, não existe. É um governo dos bancos e para os bancos, das empresas e para as empresas, e para pagar os credores que detêm os títulos públicos o Governo faz o que chama de “enxugamento de investimentos”: todo o dinheiro que iria para obras sociais é recolhido, ou “enxugado” e entregue aos bancos e fac-símiles. É claro que tudo isso é feito de maneira muito organizada pelo Banco Central, Fundo Monetário Internacional e outros conhecidos abutres.

Nem sempre dá certo, porque os abutres fazem de tudo para que o clima recessivo perdure o maior tempo possível. O que eles desejam não é o dinheiro do Governo, mas o lugar de onde vem todo esse dinheiro: as empresas nacionais. Se conseguirem a privatização das grandes empresas, liberam o Governo do pagamento e o país é entregue definitivamente em mãos das multinacionais e filiais brasileiras. Haverá o que apelidaram de “reaquecimento do mercado”, com geração de empregos devido aos novos investimentos e o povo se sentirá feliz por algum tempo e mal perceberá quando tiver perdido todos os seus direitos trabalhistas e o Brasil definitivamente será escrito com “Z”.

Para que o povo não acorde, passeatas e manifestações são organizadas, onde toda a culpa é jogada na governante do momento – a Dilma – que, assustada com a possibilidade de ser apeada do poder, faz o possível para que o Mercado fique satisfeito, inclusive empregando um ministro todo-poderoso, agente das multinacionais, que é chamado de Ministro da Fazenda, para satisfazer bancos e empresas. Enquanto isto, as passeatas, as manipulações estatísticas das agências de classificação de riscos, como a Moody’s, pedindo que não haja novos investimentos no Brasil enquanto Dilma governar, as manipulações nas pesquisas de opinião para fazer o povo acreditar que Dilma não tem mais nenhum apoio (onde estão os 55 milhões de pessoas que votaram nela?), as investigações na Petrobrás e em outras empresas públicas, que são alicerces do Estado, preparam o ambiente para a deposição de Dilma.

E por que depor Dilma, se ela está sendo tão boazinha com o Mercado, obedecendo a todas as orientações do Levy? Porque Dilma representa o PT e as conquistas sociais, por menores que sejam, e para que os conservadores e reacionários de toda espécie possam argumentar que o país está indo à falência devido à má gestão dos partidos de esquerda – que, de esquerda só tem o apelido – provocando no povo zumbi temor e repúdio a tudo o que for considerado de “esquerda”, a toda e qualquer transformação social.

É claro que o Lula mentiu quando disse que o Governo havia pagado a dívida externa ao FMI, quando, na verdade a transferiu aos bancos internacionais através de papéis do Tesouro. Caiu na armadilha e agora quem paga somos nós. Também é óbvio que o PT aproveitou o momento de ufanismo com a descoberta do pré-sal para roubar um pouco, e outro pouco para pagar a base aliada ou os partidos que se dizem de centro para receber dinheiro de todos os lados. Os mais corruptos dirão que a corrupção é endêmica, uma doença nacional, que todos têm seu preço... E se acreditarmos nisso seremos iguais a eles.

Foi com esse pensamento que o PT decidiu comprar o Congresso e quem mais se prostituísse. E quando acabou o dinheiro do Mensalão e do Petrolão, perderam a base aliada. Então, subitamente, PMDB, PP (antiga ARENA – partido da ditadura militar) e demais partidos acostumados à corrupção mensal, entraram em greve contra o Governo, decidiram que não mais aprovariam os projetos da Dilma, e, mesmo não sendo uma oposição oficial, fariam de tudo para que a Dilma se sentisse, no mínimo, desconfortável. Não adiantou receberem ministérios, secretarias, cargos de confiança. Não. Queriam dinheiro fácil. Vivo. Líquido.

E Dilma deu. Em última instância, na ausência do dinheiro desviado triplicou a verba do Fundo Partidário, sancionando um projeto dos corruptos políticos congressistas que aumenta de R$298 milhões para R$867,5 milhões. Dinheiro do orçamento de 2015, ano em que o Levy coloca o país em recessão e aprova a inflação desenfreada. Imediatamente políticos que até então pediam o “impeachment” e Dilma, mudaram o discurso, o Congresso tornou-se mais amigo da Presidente e todos esperam viver felizes para sempre até as próximas eleições. Ou antes. Na verdade, eles não desistiram de tirar a Dilma e colocar alguém de mais confiança – como o Temer ou o Cunha – que possa acelerar o processo de privatizações.

E o que faz a Dilma a respeito? Nada. Espera, talvez, um milagre que salve o seu governo. O que faz o PT (e os partidos supostamente a ele aliados, como PCdoB e PSOL)? Afasta-se covardemente da Presidente, revelando com isso a sua incapacidade de mobilizar as massas contra os avanços da direita sobre o monopólio estatal do petróleo; revela-se um partido impotente, governado por caciques que só desejavam enriquecer com o poder e que, se for extinto devido à sua debilidade corrupta, demonstrará o quanto uma falsa esquerda apoiada por intelectuais revisionistas e levemente reformistas – jamais revolucionários – pode fazer mal politicamente a uma nação que está sendo orientada, em sua maioria, ao individualismo reacionário e à alienação.

O golpe está acontecendo, a exemplo de 1964, mas, ao contrário da época de João Goulart, que tinha ministros como Darcy Ribeiro e Paulo Freire, e governadores como Leonel Brizola e Miguel Arraes e um povo decidido a resistir – o que só não aconteceu devido à renúncia de Jango para evitar derramamento de sangue -, o que se vê agora é um povo amestrado, induzido aos prazeres materialistas, que nada sabe de política e tudo conhece de futebol, refletindo claramente a mentalidade dos seus governantes incapazes, mentirosos e corruptos. Governantes que vem desde José Sarney, passando por Fernando Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e cristalizando-se na inépcia de uma Dilma, que, dizem por aí, um dia foi guerrilheira. Um golpe que somente será referendado pela direita, que, desta vez, nem precisará dos militares. O verdadeiro golpe ou suicídio político está sendo levado a cabo por essa pseudo-esquerda neoliberal e medrosa.

Depois do golpe confirmado, restará o Brasil a refazer. Todo ele, desde o seu mapa até a sua cultura. E, para isso, precisaremos de novas gerações mais fortes, mais aguerridas, mais valentes, com maior cultura e verdadeiro amor à pátria – assim como a Argentina atual -, ou imergiremos inevitavelmente sob a tutela dos Estados Unidos, a tal ponto que os que se consideram “modernos” somente falarão inglês e não será impossível, a exemplo de Porto Rico, que a nossa bandeira ceda lugar a mais uma estrela no pavilhão estadunidense.

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