sábado, 12 de março de 2016

FASCISTOPATAS E GOLPISTAS – A DITADURA DO JUDICIÁRIO






Alguns membros do Ministério Público de São Paulo perderam completamente o pudor, demonstrando o seu desconhecimento das mais elementares normas de justiça. São eles os promotores Cassio Conserino, Fernando Henrique de Moraes Araújo e José Carlos Blat, que apresentaram denúncia contra Lula, por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, com base no que chamam de evidências. Os raivosos promotores asseveram que Lula não deveria ter se manifestado após a sua prisão para depor. Segundo eles, Lula é uma ameaça para a ordem pública e, por esta razão, deve receber o castigo da prisão preventiva. 

   De acordo com os promotores, não é possível opor-se à violência travestida de legalidade. Conforme esse raciocínio e se Lula for preso, qualquer um que se coloque contra leis injustas e atitudes opressivas será passível de prisão, o que implicará na coerção das liberdades individuais, como a livre manifestação de pensamento. Ficará a critério do Judiciário determinar o que é ou não uma ameaça à ordem pública. Dependendo do humor ou da tendência política de promotores e juízes, essa ameaça poderá estar num irrefletido palavrão ou, quem sabe, num verso de música como “Brasil, esquentai vossos pandeiros” – e ninguém estará a salvo. 

   Inflamados por uma imprensa fascista e golpista, acreditam que reagir contra atos ditatoriais é dar um mau exemplo à população, quando, na verdade, é exatamente o contrário: todo cidadão tem direito de se contrapor às arbitrariedades e injustiças. 

   Os denunciantes são pessoas que tem o cargo de promotor porque fizeram um concurso, e não devido a seus conhecimentos gerais ou humanistas, e que se revelam no próprio documento da denúncia como pobremente instruídos, confundindo Hegel com Engels e vergonhosamente demonstrando a sua parca cultura.  

   Seria aceitável a confusão entre Hegel e Engels para um estudante de primeiro ano de qualquer universidade brasileira, mas jamais em se tratando de promotores que, muitas vezes, em suas denúncias, estão decidindo sobre vidas humanas e a elas se sobrepõem como se fossem super-homens, ou aves de rapina ostentando suas plumas. Dessas pessoas com poderes quase ilimitados exige-se, no mínimo, um maior conhecimento para que possam respaldar amplamente uma denúncia subjetiva – como a apresentada contra Lula - com fraco alicerce e sem provas que a robusteçam. 

   Do que se depreende que se há falha no documento apresentado com citações censuráveis, é muito provável que toda a denúncia esteja baseada em sofismas, em falsas alegações o que a torna eivada de erros e, conseqüentemente, nula. 

   É óbvio que os denunciantes estão agindo sem qualquer isenção, movidos pelo ódio político, dado o uso do nome de Marx (Hegel?) na denúncia contra Lula. E aqui fica clara, mais uma vez, a ignorância (do verbo ignorar) dos autores do documento. Pressupõem que Lula seja marxista, o que já foi negado pelo próprio Lula, que não passa de um líder popular de tendência neoliberal, sem maior formação teórica. Segundo o que demonstrou durante o seu governo, Lula pertence a um partido que se diz de esquerda, mas aceita o capitalismo e quer reformá-lo. Portanto, não é marxista. 

   E, mesmo que Lula fosse marxista, não são admissíveis alegações ou citações políticas – ainda que tortuosas, face ao manifesto despreparo dos referidos promotores - numa denúncia onde a acusação, por tíbia que seja, trata de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. 

   Além do quê, há um erro crasso de interpretação quanto ao que Marx pensaria sobre a atitude de revolta de Lula. O filósofo alemão jamais se envergonharia de quem luta pela dignidade de uma nação, buscando a justiça social. O próprio Marx foi perseguido durante toda a sua vida e encontrou o último exílio na Inglaterra, onde pôde completar suas pesquisas e editar a maior parte de seus livros – com o apoio de outro filósofo chamado Friedrich Engels, e não Hegel. 

    Os promotores, ainda que em vã e ridícula tentativa de ironia, estão claramente revelando uma posição política contrária a do denunciado, deixando transparecer que o objetivo final da denúncia é fazer de Lula um preso político, o que só acontece nas piores ditaduras.  

   A presunção de inocência, coroada pela frase “Ninguém será considerado culpado até prova em contrário” foi colocada por terra, nocauteada por leis elaboradas por fascistopatas e agora se presume que todos são culpados até prova em contrário. A Constituição desta república - que mais parece uma monarquia absolutista do Judiciário – tornou-se uma carta para enganar bobos e vivemos um regime ditatorial e repressivo, onde promotores, juízes e policiais fazem o que querem, sob o pretexto de combater a corrupção. 

    Na verdade, combatem a esquerda. Com ou sem provas, encarceram todos aqueles que lhes são desagradáveis politicamente e se provas não existem podem ser forjadas ou compradas através de delatores muito bem premiados – e premiar a delação é uma forma de corrupção. O inerme Executivo é refém do Legislativo, constituído, em sua maioria, por declarados golpistas, entre eles muitos corruptos conhecidos, que permanecem impunes. 

   Estamos atravessando um momento de tamanha histeria contra os movimentos sociais e seus representantes, que a população informada (ou desinformada) grotescamente pelos meios de comunicação de direita passou a acreditar que prender por ouvir dizer equivale à justiça. E essa cegueira faz com que parte do povo torne-se irracional, misturando policiais com promotores e estes com juízes, haja vista a sanha inquisitorial que tomou conta de alguns representantes do Judiciário e do Ministério Público. 

    Quando promotores são confundidos com esbirros e juízes agem como carrascos, algo está muito errado e o estado de direito tão duramente conquistado transforma-se em ditadura do Judiciário.

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