quarta-feira, 31 de março de 2010

TRENODIA



E na terceira vez ele caiu.
Foi ajudado a erguer-se,
a erguer seu peso.


Cercavam-no ridentes subumanos
a esquartejar-lhe o crânio com insultos
e a cuspir-lhe na face
onde o sangue coagulava.

(Era a terceira hora quando seu corpo
  foi varado do lado direito).

E o céu escureceu enquanto ele chorava.

E no terceiro dia
surgiram tanques de toda parte
guardando a entrada do sacrário
onde jazia o segredo revelado.

(O povo reunia-se na praça de Guernica
  quando os aviões despejaram hidrogênio e morte).

Rolaram pedras, matando Estêvão.
Alguém, na multidão, atirou um coquetel molotov:
era o início da revolução bolchevique.

E no terceiro mês
todos se reuniram num lugar oculto
dos gentios,
planejando e armando-se
enquanto esperavam o sinal.

Luminosos foguetes vermelhos
anunciaram-lhes o tempo e a hora
da Revolução.

Mas era sábado.

Um comentário:

  1. Você se supera cada dia mais, amo seus poemas e só posso dizer, obrigada, obrigada por compartilhar seus lindos sentimentos. Abraços Heudes

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