quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PRESÍDIO PODER TOTAL




A piada da semana é o não improvável futuro suícídio do ministro José Cardozo, da Justiça. Disse que prefere o suicídio a ser preso em algum presídio brasileiro. Alguns mais irônicos insinuam que o ministro talvez tenha algo a temer - quem não deve não teme.

     Afinal, é um ministro da Dilma e a Presidente já demitiu oito ministros por suspeita de corrupção. Ou por outras suspeitas. Suspeitas que não foram investigadas, ou, se o foram, nada veio a público. As meninas e meninos do Governo não são criminosos - cometem travessuras.

     A outra interpretação sobre o pronunciamento do ministro José Cardozo é que ele não gostaria de  ir para alguma prisão 'brasileira'. Daria a entender que, na hipótese, pediria a extradição para outro país, onde existem prisões adequadas a cada classe social. 

     Profundas tem sido as especulações sobre as manifestações do ministro a respeito das nossas prisões medievais. Mais uma: o ministro, sentindo-se culpado porque nada tem feito para melhorar as condições prisionais e com medo da prisão por não estar cumprindo essa básica função de um ministro da Justiça, avisou antecipadamente que prefere o suicídio.

     Todos estavam muito preocupados com as tendências suicidas do ministro, quando aquele menino do PT que também é ministro, mas do STF, o Dias Toffoli, fez um exaltado discurso contra as condições das prisões brasileiras. Em seguida, outra ministra, a da secretaria dos Direitos Humanos, lembrou das suas funções e bradou subliminarmente contra o próprio governo que representa e nada faz para melhorar as nossas (medievais?) prisões. Esperam-se novas manifestações a respeito - a maioria de membros do Governo. Um Governo que vai completar 10 anos e somente agora recorda que presos são seres humanos.

     Mas foi justamente quando o Dias Toffoli fez coro à fala do ministro da Justiça que os mais alertas perceberam a razão do ataque de humanismo e ameaça de suicídio do ministro Cardozo. José Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares, os principais componentes da cúpula petista durante o primeiro governo Lula, acabavam de ser condenados à prisão. E - o mais inusitado - talvez venham a ser presos de verdade.

     Em casos assim, as prisões brasileiras são lembradas como péssimo exemplo de punição. Dias Toffoli chegou a argumentar que seria mais adequado penas pecuniárias a penas prisionais. Entenda-se: para quem tem dinheiro. Os pobres continuarão a ser estuprados e torturados.

     Quanto foi mesmo que eles roubaram no mensalão? Os mais discretos afirmam que foram 'só' 50 milhões, as investigações apontaram 141 milhões, por baixo, e o Marcos Valério, que poderá sofrer um acidente a qualquer momento por falar demais, afirma que foram mais de 350 milhões. Ficaram imensamente ricos com o nosso dinheiro e podem pagar pela liberdade. Não se sabe a extensão do roubo no Governo, desde a primeira eleição do Lula, mas a turma do mensalão foi condenada. Não todos. E a penas levíssimas, considerando os danos que causaram aos cofres públicos. O STF foi muito amigo dos mentores intelectuais dos crimes, conforme se previa desde antes do início do julgamento do mensalão.

     A outra opção é o Governo realmente, para surpresa de todos, fazer reformas nos presídios. Começaria com um presídio modelo, destinado aos apenados amigos. Não seria chamado de presídio, mas de Casa de Detenção ou, melhor ainda, Lugar de Reflexão, Espaço Para Exame de Consciência, Sitio da Boa Amizade... Qualquer coisa assim. Sabe-se que palavras atuam psicologicamente e chamar um presidiário de presidiário poderá provocar choques irreversíveis. Principalmente se o presidiário em questão for um grande amigo, como, por exemplo, o José Dirceu. Para que os detentos, presos, estagiários, hóspedes não esqueçam a sua real importância, poderá chamar-se Paragem Poder Total.

     Um lugar bastante amplo, com suítes, piscinas, banheiras com hidromassagem, bares, boates, cinemas, estacionamento, heliportos, serviço de quarto, etc. Lembrando que os hóspedes seriam guardados por policiais que, na verdade, fariam as vezes de empregados, auxiliares, secretários... Como hóspedes de confiança, com muito dinheiro, teriam as chaves dos seus respectivos apartamentos e até, se desejassem, poderiam tirar férias onde bem entendessem, promover conferências sobre as novas e moderníssimas condições prisionais para políticos corruptos e corruptíveis - tudo o que desejassem. O mais importante é que estariam oficialmente presos.

     E isso aquietaria a consciência de todos. Inclusive, o ministro Cardozo não teria mais pensamentos suicidas.

     A terceira possibilidade é que os coitados dos condenados pelo mensalão sejam presos imediatamente. Ou quase imediatamente.

     O ideal seria no dia 22 de dezembro, inaugurando a Nova Era. Assim, com certeza Dilma daria a eles o indulto de Natal.

2 comentários:

  1. Este artigo é no todo e em tudo, cheio de verdades que poucos, muito poucos, tem coragem de escrever. É necessário a pessoa ser altamente qualificada e ter coragem suficiente
    para colocar em um blog, tudo que foi colocado. Merece o nosso aplauso. Até quando o Brasil será do geito que está? Trocar prisão por valores pecuniários? Parabens FAUSTO. Mas cuidado, pois... entendeu? Abraço do mineiro do interior. Nelson. 15/11/2012.

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  2. É, Blogueiro. Eu também tenho medo que me pelo da possibilidade de um dia ir parar em um de nossos presídios. Embora nunca tenha feito nada para que isso aconteça, sabe como é, faço parte do povo. Ótimas reflexões sobre as declaração do ministro da Justiça e mensaleiros.

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