sábado, 12 de janeiro de 2013

A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA



Ouvi alguns absurdos hoje,12 de janeiro de 2013, em programa de rádio bastante popular e que tem por característica dar a palavra por uma hora, durante os sábados, a pessoa ou pessoas que se destacam pelo reacionarismo1. Mais que entrevista é discurso somente interrompido por comerciais. Obviamente, a rádio em questão é de extrema-direita2 e procura influenciar aquelas pessoas que não tem capacidade de discernimento.

     O entrevistado de hoje mostrou um ferrenho ódio a Hugo Chávez. Influenciado, talvez, por aquele tipo de jornalismo golpista do qual deve colher as suas informações, disse coisas como:

     “O povo é figura abstrata que não tem existência concreta.”
     “O povo mandando é o fim da democracia.”

    Desejo acreditar que é apenas despreparo intelectual (veja-se a redundância da primeira frase), desconhecimento de política (observe-se o ridículo da segunda frase) ou simplesmente ignorância (do verbo ignorar = desconhecer). Pessoas assim existem aos milhões no Brasil, um país que bate recordes em subdesenvolvimento mental e que possui uma das mais altas taxas mundiais de analfabetismo, sendo que o analfabetismo funcional – pessoas que sabem ler e escrever, mas não entendem o que leem ou tem grande dificuldade de interpretação – é muito grande.

     Pessoas assim confundem revolução com golpe de estado, povo com entidade abstrata e democracia com desigualdade social. Para elas, convém lembrar que democracia é o governo do povo, que tem existência concreta, sim, quando sabe da sua imensa força.

     Como na Venezuela, onde Hugo Chávez vem sendo reeleito pelo povo desde 1999, e o mesmo povo,  em sua maioria, concordou em implantar o que é chamado de Revolução Socialista Bolivariana. Uma revolução que não é sangrenta. Ao contrário: principalmente com a privatização do petróleo, a Venezuela deixou de entregar a sua principal riqueza para potências estrangeiras, investindo o dinheiro dos royalties no seu povo.

     Após 2003, quando passou 100% para o controle estatal a petroleira PDVSA financia a maioria dos programas sociais. Trezentos bilhões de dólares há foram investidos nos programas sociais. Principalmente nas Missões Bolivarianas, que levam saúde, educação e alimentos em casa e atendem a 20 milhões de venezuelanos, ou 60% da população.

     A Missão Robinson teve como objetivo erradicar o analfabetismo no país e a UNESCO, em 28 de outubro de 2005, declarou a Venezuela um território livre do analfabetismo.

     Revolução é sinônimo de transformação. Quando um país está doente devido aos seus vícios políticos que levam à corrupção, ao empreguismo, à imoralidade e às grandes desigualdades sociais, só há um caminho: a transformação do país através de uma revolução social. A outra possibilidade é deixar tudo como está para ver como é que fica e, cedo ou tarde, desfazer-se dos seus símbolos e da sua dignidade, como Porto Rico que é mais uma estrelinha na bandeira dos Estados Unidos. A Venezuela escolheu o caminho da revolução.

     E o centro da revolução venezuelana é o seu povo. Diz o jornalista Roberto Martínez: “É o poder social transformado em poder político e, muito além disso, em poder político de libertação. Isto é uma verdadeira revolução, quando a sociedade é construtora do seu próprio destino”.

     É através das Missões Bolivarianas que a revolução venezuelana se realiza.

     Bairro Adentro é uma das missões pioneiras. São oferecidos serviços de saúde nos 335 municípios do país e em mais de 7 mil consultórios. No território político da população são resolvidos os problemas sanitários, os médicos vão às comunidades, às montanhas e lugares mais distantes. Além disso, foram instalados os Centros de Diagnóstico Integral (CDI) como mecanismo da prevenção de doenças, serviços de alta qualidade, com tecnologia de ponta, 24 horas do dia.

     A Missão Milagre devolve a luz às pessoas com padecimentos oculares. É realizada dentro e fora da Venezuela para as famílias pobres. A Missão José Gregorio Hernández para as pessoas que, por acidente ou problemas congênitos, carecem de algum membro do corpo, que as limita em algumas capacidades motrizes.

     A Missão Esporte é fazer desta atividade uma na qual o ser humano se sinta mais pleno, saudável e ativo. Para que a juventude e as crianças exercitem mente e corpo. Além disso, existem as missões educacionais Robinson, Rivas, Sucre. A Venezuela é completamente livre de analfabetismo. Os níveis educacionais e de aproveitamento superam todos os números da história do país. A educação pública superior é gratuita e sem custo algum para as famílias.

     Existem ainda as missões técnicas, como a Che Guevara e de participação comunitária, como a 13 de Abril. A Missão Meninos e Meninas do Bairro que atende crianças de rua, e a Missão Negrita Hipólita que atende aos mais desvalidos.

     Na educação, o Estado venezuelano garante, de acordo com o artigo 6 da Constituição, “o direito pleno a uma educação integral, permanente, contínua e de qualidade para todos e todas com equidade de gênero, em igualdade de condições e oportunidades, direitos e deveres; a gratuidade da educação em todos os centros e instituições educativas oficiais até o nível universitário”.

     Muitos pensam que se Hugo Chávez morrer a revolução bolivariana morrerá com ele, o que é um erro, porque a revolução pertence ao povo e não a líderes que, inevitavelmente, passam. Além disso, a revolução bolivariana não se restringe unicamente à Venezuela, mas agrega países como Equador, Bolívia e Nicarágua e tem a simpatia de diversos outros, como Uruguai e Argentina.

     É uma revolução nitidamente anticapitalista, a favor do bem-estar do ser humano em harmonia com a natureza e isso atrai o ódio de pessoas não só mal informadas, como a acima referida como exemplo, mas de todos aqueles que desejam com veemência que 90% das riquezas da humanidade continuem a pertencer a 10% de exploradores.

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1 - Reacionarismo. Atitude ou modo de ser de pessoas, grupos ou partidos políticos que tem grande medo do povo e de mudanças sociais.

2 - Extrema-direitaAtitude ou modo de ser de pessoas, grupos ou partidos políticos que tem grande medo do povo e de mudanças sociais e que , ao mais das vezes, defendem golpes de estado.

3 comentários:

  1. Também assisti ao referido programa radiofônico. Fiquei indignada e ao mesmo tempo abatida com tanto reacionarismo e indisfarçável ódio de um ser humano que se diz letrado. Morar em Bagé não é fácil. Mentalidade tacanha e insensível, com raras exceções. Parabéns pela escelente postagem, incluindo informações valiosas.

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  2. Grande Fausto, exelente análise, pegasse a essência do conservadorismo tacanho de Bagé e de muitos jornalistas do PIG brasileiro...

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  3. Muito bom Fausto, mas como conhecemos a tal "Zelite" deste lado do Estado, tal fato, não causa "grandes" surpresas...

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