Cardeal
Paul Casimir Marcinkus, responsável pelo Instituto para as Obras Religiosas
(Banco do Vaticano), o secretário de Estado do Vaticano e
Camerlengo, cardeal Jean Villot,
o cardeal norte-americano John Cody, o
mafioso Michele Sindona, Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano em 1982;
Licio Gelli, grão-mestre da loja maçônica Propaganda Due (P-2). Estas as
principais personagens envolvidas no escândalo do Banco do Vaticano e com a
quebra do Banco Ambrosiano, na época (1982) manipulados e dirigidos por membros
da maçonaria ligados à máfia siciliana e estadunidense.
Dividida em 17 células, cada qual com um líder que respondia
diretamente a Licio Gelli, a Loja Maçônica Propaganda Due era formada ao melhor
modelo Illuminati; tão secreta, que até mesmo os seus membros não conheciam o
grão-mestre ou os objetivos da organização, agindo como verdadeiros robôs.
A P-2 era composta por 953 membros - incluindo
o Ministro da Justiça Adolfo Sarti. Vários ex-Primeiros Ministros, como Giulio
Andreotti que exerceu o cargo entre 1972 e 73 e novamente entre 76 e 79; 43
membros do Parlamento; 54 altos executivos do Serviço Público; 183 oficiais das
forças naval, terrestre e aérea, incluindo 30 generais e 8 almirantes (entre
eles o Comandante das Forças Armadas, Almirante Giovanni Torrisi); 19 juízes;
advogados, magistrados, carabiniere; chefes de polícia; poderosos banqueiros;
proprietários de jornais, editores e jornalistas (incluindo o editor do maior
jornal do país, Il Corriere Della Sera); 58 professores universitários; líderes
de diversos partidos políticos (evidentemente, não do Partido Comunista
Italiano, por razões óbvias); diretores dos três principais serviços de
inteligência do país. Todos esses homens, de acordo com os documentos
apreendidos, juraram obediência a Gelli e estavam prontos para responder a seu
chamado.
A
história relata que, em 1877, ainda nos tempos da reunificação de Mazzini e
Garibaldi, foi fundada pelo Grande Oriente uma loja maçônica em Roma chamada
Propaganda Massonica. Era freqüentada por políticos e altos funcionários
governamentais que não deviam ter os seus nomes expostos na relação das lojas
normais e era diretamente ligada ao Grão-Mestre. Esta seria a Propaganda Uno.
Em
1981, o GOI dissolveu e declarou ilegal a P-2 (que também teve o seu
reconhecimento suspenso pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 1993). Mas o
estrago já estava feito. O Vaticano fora quase completamente infiltrado e o seu
Banco (IOR) estava à beira da falência. O Banco Ambrosiano - filial do Banco do
Vaticano na Itália – se transformara em uma lavanderia da máfia aliada à
maçonaria. Quebrou, e a Igreja pagou milhões em indenizações.
Essa
infiltração teria ocorrido desde a época em que Paulo VI ainda era o Monsenhor
Montini, de Milão. E continuou, sob outras máscaras, após a morte de Albino
Luciane (João Paulo I), depois que assumiu o pontificado Karol Woityla (João
Paulo II).
A
primeira coisa que Albino Luciane tomou conhecimento após ser eleito Papa João
Paulo I foi sobre o rombo no Banco do Vaticano. Esse conhecimento já existia
antecipadamente, quando ele era apenas um cardeal, mas não sabia dos detalhes,
não conhecia os nomes de todos os implicados, não sabia que Licio Gelli era o
verdadeiro Papa Negro por trás de Paulo VI e não entendia como isso tinha
acontecido. Procurou documentar-se. Afinal, quem era o maçom Licio Gelli?
Gelli
foi membro ativo do movimento fascista em 1936, tendo servido ao lado das
tropas de Francisco Franco no Batalhão Camisas Negras durante a Guerra Civil
Espanhola. Quatro anos mais tarde, recebeu a carteira do Partido Nacional
Fascista Italiano. Em 1942, já se tornara secretário dos fascistas italianos no
exterior. No período da IIª Guerra Mundial, Gelli, atuando como membro dos
Camisas Pretas de Mussolini, chegou a ser oficial de ligação do Exército
Italiano com a divisão de elite SS de Hermann Goering. Em 1944, sentindo que os
ventos não mais sopravam favoráveis a Mussolini, criou uma rede de resistência
conectada à CIA, graças ao V Exército norte-americano recém chegado à
península. Após a guerra, migrou para a Argentina sendo o primeiro a obter uma
dupla nacionalidade: argentino-italiana.
Iniciou-se
na maçonaria em 1965, buscando se mirar nos dois Grão-Mestres sucessivos do GOI
– Gamberini e Salvini – que se interessavam por uma aproximação mais estreita
com o Vaticano. Três anos mais tarde, foi nomeado secretário da P2, elegendo-se
seu Venerável Mestre em 1975. Gelli convidou Michele Sindona, o gênio
financeiro do Vaticano, que trouxe consigo Roberto Calvi, o banqueiro mais chegado
ao Vaticano. Em dezembro de 1969, num encontro promovido no escritório romano
do Conde Umberto Ortolani, o Embaixador da Ordem de Malta para o Uruguai, que
era, na época, o cérebro da P2, foi montado o Estado-Maior da Loja: Umberto
Ortolani, Licio Gelli, Roberto Calvi e Michele Sindona.
Em
1973, foi citado como traficante de armas para os países árabes e implicado
numa transação de três milhões de liras italianas numa operação conhecida como
Permaflex, uma firma que trabalhava com a OTAN. Gelli era tão bem articulado
com o establishment político estadunidense que chegou a ser convidado para as
festas de investidura de três presidentes: Ford, Carter e Reagan.
Magistrados
italianos, examinando cuidadosamente documentos apreendidos na Villa Wanda
(nome de sua mulher), de onde Gelli tinha fugido quando a P2 explodiu,
encontraram centenas de documentos altamente secretos dos serviços de
inteligência. O Coronel Antonio Viezzer, ex-chefe dos serviços secretos de inteligência
combinados, foi identificado como a fonte primária desse material, tendo sido
preso em Roma por espionar em nome de uma potência estrangeira. Junto com
Roberto Calvi, Licio Gelli usou o Banco
Ambrosiano, de Milão, para lavar dinheiro da máfia e da maçonaria, através do
Banco do Vaticano, que foi completamente envolvido em fraudes financeiras. O
mafioso Michele Sindona era o financista da P-2 e conselheiro de investimentos
do Banco do Vaticano, ajudando o Banco a vender os seus ativos italianos e
reinvesti-los nos EEUU. Uma trama que aliava a máfia à maçonaria, com o suposto
beneplácito de Paulo VI e minava a Igreja na sua base financeira.
Albino
Luciane (Papa João Paulo I) representava o oposto de Paulo VI – assim como hoje
o Papa Bento XVI mostra-se completamente diferente de João Paulo II, por tentar
defender a Igreja dos seus inimigos. E por isto está sendo deposto. João Paulo
I não agradava à extrema-direita, pois esta o considerava indulgente em relação
ao comunismo e por seu pai ter pertencido aos quadros do Partido Socialista
Italiano. Acredita-se que tenha sido
assassinado após saber de todo esse imbroglio, às vésperas de anunciar grandes modificações que
incluiriam os principais nomes da Igreja, na tentativa de sanar os problemas
financeiros do Estado do Vaticano e de reorientar a Barca de São Pedro para um
caminho verdadeiramente cristão.
Durou
um mês o seu pontificado. Após a sua morte e com a eleição de Karol Woytila
(João Paulo II) a Igreja continuou permissiva em relação à ação da maçonaria e
ao uso do Banco do Vaticano para fins ilegais. É claro que, antes, houve a
necessária queima de arquivos. Paul Marcinkus foi exilado para uma paróquia dos
Estados Unidos, Calvi e Sindona foram mortos, o GOI considera o assunto tabu –
assim como os maçons do mundo inteiro.
Com
a morte de Karol Woytila (João Paulo II) – aliado do neoliberalismo econômico -
e a eleição de Joseph Ratzinger (Bento XVI) – inimigo do capitalismo desumano –
as mesmas forças que apoiavam João Paulo II passaram a hostilizar o novo Papa
com todo o poder da sua mídia, e não o perdoaram quando, por sua vez, decidiu
sanar o Banco do Vaticano e chamar os católicos ao catolicismo. Era uma grande
desobediência aos donos do mundo.
(Continua).
A cada postagem as surpresas se sucedem com informações completamente desconhecidas para mim. Que horror o que aconteceu e continua acontecendo no Vaticano. Continuo no próximo capítulo. Parabéns pela coragem, Blogueiro.
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