segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

APOCOLOQUINTOSE DA DIVA DILMA




 Concordo que é um palavrão, mas um palavrão gostoso de dizer. Experimente falar para o espelho“apocoloquintose”. Não é sonoro e grandiloqüente (outro palavrão!)? Não causa uma sensação inebriante? Também concordo que é um plágio do titulo do famoso texto de Sêneca (“Apocoloquintose do Divino Cláudio”). Não pude resistir. É bem melhor do que dizer “a transformação em abóbora”. Abóbora é muito chão e um achado desses não pode ficar perdido em úmidas bibliotecas, entre tratados de heráldica e estóicas teses sobre numismática. Saboreie comigo: diga “apocoloquintose!”. Não é bom? 

    Saibam todos que a NSA – aquele serviço de informação dos Estados Unidos que reflete a paranóia norte-americana – continua a vigiar a todos nós. Foi o que disse Obama – aquele senhor que ganhou o Nobel da Paz, foi bombardear a Líbia e está com o dedo no gatilho apontando para a Síria - quando anunciou que enquanto ele for presidente daquele país entregue aos tufões e tornados, a chanceler da Alemanha, Ângela Dorothea Merkel, não será espionada.

      Não citou Dilma, mas deu a entender que se ela se comportar, nada deve temer. Ou, textualmente: “As nossas agências continuarão a obter informações sobre os Governos de todo o mundo, tal como o fazem as de todos os outros países. Não pedimos desculpas por sermos mais eficazes. Mas chefes de Estado e de Governo com quem trabalhamos de forma mais chegada, e de cuja cooperação dependemos, devem confiar que os tratamos como verdadeiros parceiros”.

   Não pediu desculpas. Para ele, presidentes brasileiros devem agir como obedientes vassalos. Dilma engoliu em seco e fingiu que não era com ela. Ou que era com ela. Em seguida, fechou os olhos aos movimentos sociais e entregou o campo de Libra às multinacionais. Precisava fazer caixa para as próximas eleições? Além disso, obedecer ao chefe é prioridade do verdadeiro subalterno. O consórcio que ganhou o leilão do campo de Libra é formado pela Petrobrás (10%), Shell (20%), Total Elf (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%). O Estado brasileiro poderá ficar com apenas 14,58% do óleo gerado no campo de Libra. Naquele momento, Dilma começava a se transformar em abóbora.

      Falam tanto da privataria tucana, mas o governo Lula-Dilma é um excelente e submisso aluno do antigos governos do PSDB. Entregar o Brasil é a sua meta, e está apenas começando. Ou continuando. É necessário obedecer ao chefe, que está de olho no que a Dilma faz ou deixa de fazer, através de satélites-espiões, bases da CIA no nosso território - travestidas de colônias de pescadores, peripatéticos amantes do epicurismo, honestos clubes de gastronomia, ameaçadores Anonymous e muito bem treinados Black Blocs - e uma gigantesca base de dados nos seus computadores quânticos.

     Obama não pediu desculpas ou deixou de vigiar Dilma e todos os brasileiros e latino-americanos, porque os donos do mundo não pedem desculpas: mandam. Depois de ficar sabendo que somente será igual à Ângela Merkel, a dona da Europa, quando for dona da América do Sul e Caribe, Dilma foi correndo a Davos – aquele lugar na Suíça onde, todo início de ano, se reúnem representantes dos países muito ricos e seus agregados – para participar do Fórum Econômico Mundial. Na sua delegação, 34 líderes políticos e empresariais. 

    Em Davos, Dilma pediu, implorou, suplicou por novos investimentos das empresas estrangeiras no Brasil; declarou-se fiel ao Deus Mercado e seduzida pela globalização. Para provar o seu amor ao dinheiro e à ostentação, na volta fez o que chamou de “parada técnica” em Lisboa, onde ela e sua equipe ocuparam 45 quartos de dois hotéis de luxo, ao custo de 8 mil euros por dia, o equivalente a R$26,2 mil. Jantou em um restaurante de luxo e, no dia seguinte, viajou para Cuba, para completar a sua missão.

      Missão que diz respeito à reintegração de Cuba ao livre comércio, ao esponjoso mundo das finanças, ao capitalismo. Cabe a Dilma provar a seu chefe em Washington que ela é capaz de fazer o que os Estados Unidos não conseguiram em 65 anos de revolução cubana, por meio de ameaças e de um equívoco bloqueio econômico. Afinal, a propaganda do governo brasileiro no exterior alardeia que o governo petista é socialista; afirma que Dilma teria sido uma guerrilheira presa pela ditadura e que no Brasil estamos em pleno processo revolucionário.

    E os representantes dos 33 países que estão participando da 2ª Cúpula da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) talvez não tenham condições de analisar com precisão a força da influência que estão sofrendo de um governo estreitamente ligado ao capital estrangeiro e que atua como uma espécie de vírus malicioso, um verdadeiro cavalo de tróia entre os países anticapitalistas.

     A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), criada em fevereiro de 2010, durante a Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, realizada em Riviera Maya (México) não admitiu a entrada dos Estados Unidos e do Canadá, porque considera que esses dois países não respeitam a democracia e a autodeterminação dos povos. Este ano, a II Cúpula da CELAC está sendo realizada em Cuba. 

      Lá, voltando do Fórum Econômico Mundial, Dilma deve fazer eco a todos os pedidos e reivindicações e, particularmente com o presidente Raúl Castro, tratará dos investimentos do Brasil na ilha, como o porto de Mariel, onde o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) investe cerca de 1 bilhão de dólares.  

    É apenas o início. Raúl Castro já demonstrou grande interesse em copiar o modelo chinês de capitalismo de Estado com o pseudônimo de socialismo, tendo reservado uma grande área, uma zona franca e industrial, para a qual o governo cubano pretende atrair investimentos estrangeiros.

   Como a Odebrecht, multinacional de origem brasileira e com capital internacional. E tantas outras empresas, brasileiras e de outros países, que serão atraídas para Cuba, onde contarão com isenção de impostos e não serão obrigadas a se aliar com empresas estatais. Naturalmente, usarão a barata mão-de-obra cubana. Segundo Thomaz Zanotto, diretor da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em Cuba o Brasil teria um posto avançado para exportar inicialmente para a América Central e depois eventualmente para os Estados Unidos – que tem no Brasil de Dilma Roussef o parceiro perfeito, o agente 00D que ajudará Raúl Castro a implodir o socialismo cubano. 

     Não será tão simples, porque a base do socialismo é a educação anticapitalista do seu povo, mas, se em troca dos médicos cubanos, o Brasil enviar professores para Cuba, em menos de 10 anos Cuba voltará a ser famosa somente por suas praias.

      Assim, Cuba fará o caminho inverso da revolução, tornando-se, aos poucos, dependente do capital estrangeiro e da economia mundial, perdendo a sua autonomia e liberdade graças ao irmão mais moço de Fidel Castro, o maçom Raúl que, junto com Dilma, formam o par perfeito: os dois fingem que são socialistas, enquanto aceleram a implementação do capitalismo nos seus países. E à Dilma, definitivamente livre do seu disfarce socialista, somente restará a inevitável transformação em abóbora. Uma abóbora feliz por ter cumprido a sua missão, mas abóbora. E receberá do presidente dos Estados Unidos a notícia de que não estará mais sendo espionada.

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