quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

DE RAMBOUILLET A MONTREUX: O CINISMO DA ONU



A Conferência de Montreux, na Suíça, para tratar da paz na Síria é outra das grandes mentiras da ONU, uma organização que cada vez mais perde a credibilidade, agindo como uma velha e rica prostituta que compra um título de nobreza para adquirir respeitabilidade. A ONU foi criada para defender os interesses dos Estados Unidos e dos países vencedores da II Guerra Mundial e nesse sentido tem se mostrado coerente, empenhando-se em impor a vontade daqueles que a sustentam, principalmente porque dispõe do maior exército do mundo, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que é acionado sempre que necessário.

    Perdida a guerra na Síria, os autodenominados revolucionários - que nada mais são que mercenários recrutados em Israel, Arábia Saudita, Qatar, Iêmen, Jordânia, Turquia e outros países da região aliados dos Estados Unidos e demais países europeus diretamente interessados nas riquezas da Síria, principalmente o gás, e liderados pela Al-Qaeda – organização criada pela CIA nos anos 1980 para atuar no Oriente Médio e deter as forças soviéticas no Afeganistão – pediram a urgente intervenção da OTAN, com a invasão da Síria e incessantes bombardeios como aqueles que liquidaram a Líbia de Kadhafi. 

    Foram obstados não só pela Síria, como pelo Irã e pela Rússia, que ameaçou retaliar caso o seu aliado fosse bombardeado. Imediatamente, os países ocidentais passaram a negociar com o Irã, na tentativa de torná-lo potencial aliado ou, ao menos, um país mais cordato e inofensivo do que na época do presidente Ahmadinejad. Ao mesmo tempo, aconteciam conversas bilaterais com a Rússia na vã tentativa de desligá-la da Síria, e foi criado em Kiev, capital da Ucrânia, logo ali ao lado da Rússia, um grande movimento contra o governo objetivando atrair a Ucrânia para a órbita ocidental e pressionar militarmente a Rússia nas suas fronteiras. 

   Concomitante a esses fatos, propuseram a conferência de Montreux para tratar da paz na Síria, na última tentativa de retirar Assad do poder e entregar o país árabe à Al-Qaeda que representa os países ocidentais. Após o fracasso da conferência, terão razões formais para bombardear e invadir a Síria, caso assim o desejem. 

    Nada muito diferente do que aconteceu nos Bálcãs, quando a Iugoslávia se negou a participar da remodelação do mundo em um desenho capitalista, e exatamente entre a Sérvia e a Albânia – em Kosovo – foi criada uma república artificial, logo reconhecida pelos Estados Unidos e aliados. Naquele enclave, um exército fortemente armado formado por mercenários patrocinados pela Alemanha, França, Grã-Bretanha e Estados Unidos enfrentou os iugoslavos, e quando os "rebeldes"estavam sendo derrotados pediram à ONU uma conferência de paz que foi realizada no castelo de Rambouillet, na França, entre janeiro e fevereiro de 1999. 

   A guerra cessou durante aquele período, o suficiente para os mercenários de Kosovo se reorganizarem, enquanto os iugoslavos acreditavam na boa vontade da ONU. Ou da OTAN, porque a conferência de paz foi presidida por Javier Solana, presidente daquela organização bélica, que ameaçou os iugoslavos de bombardeio, caso não aceitassem as reivindicações de Kosovo.

A conferência terminou em 19 de fevereiro de 1999 e o espanhol Javier Solana, presidente da OTAN e membro do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) – partido revisionista e reacionário como o PT do Brasil ou o PRI do México e tantos outros partidos que se dizem socialistas, mas servem ao capitalismo -, cumpriu as suas ameaças. Em 24 de março as forças da OTAN começaram a bombardear a República Federal da Iugoslávia. Foram três meses de bombardeios aéreos contínuos sobre o território iugoslavo, especialmente Belgrado. Milhares de civis foram assassinados pela OTAN.

Quando a guerra terminou, a Iugoslávia foi desintegrada em vários países: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Sérvia e Montenegro - e Kosovo. Dividir para governar. Os veículos de comunicação do Ocidente receberam ordens de divulgar que as razões da “intervenção” da OTAN foram muito humanitárias: acabar com uma guerra “étnico-religiosa”. Simples assim. Em Kosovo, os Estados Unidos desenvolveram a maior base militar do mundo: Camp Bondsteel.

E agora eles estão em outra conferência de paz que prepara a guerra. Desejam muito dominar a Síria, não só pelo gás que poderão roubar e abastecer toda a Europa, mas para transformá-la em uma imensa base militar. A Síria tem fronteiras com o Iraque, Israel, Jordânia, Líbano e Turquia. Conquistar a Síria é um grande passo para a projetada invasão do Irã; dois passos para cercar e subjugar a Rússia.

Um comentário:

  1. Excelente e interessante matéria sobre a Síria e outros países, ricas informações de como ajem os Estados Unidos e aliados . Parabéns!

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