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Capitão, esta nossa conversa é particular e oficialmente não está sendo
gravada. A gravação não oficial somente será usada em caso de força maior,
entendido?
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Sim senhor.
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Sinta-se tranqüilo, pegue um café e conte sobre a sua missão.
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Foi uma missão que visou detectar e destruir focos anarquistas e
cripto-comunistas de movimentos rebeldes contra o governo.
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Muito bem. E acredita que alcançou os seus objetivos?
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Amplamente. Os movimentos foram devidamente infiltrados e eu me ofereci como
boi de piranha, se me permite a expressão, para salvar os demais companheiros.
Inclusive, alguns deles estão assumindo postos de liderança e, no devido tempo,
também serão desmascarados para que a desconfiança crie as condições
necessárias para a auto-dissolução desses grupos.
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Quanto tempo calcula para que isso aconteça?
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Dois a três meses, no máximo. Os protestos já estão arrefecendo e breve se
transformarão em lamúrias. Foi usada a mesma estratégia que nos sindicatos do
abecê e de outras letras do alfabeto. Nos sindicatos, aliança com os patrões,
prêmios e promessas de cargos públicos; nos grupos de protesto manobras
diversionistas destacando palavras de ordem como as utópicas “Diretas Já” e “Eleições
Gerais”. Só o “Fora Temer” não foi possível evitar: pegou como uma praga.
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O que até é bom. Uma de nossas táticas é manter os governantes do momento sob
constante pressão para que não se esqueçam de quem realmente manda. Observe que
“Fora Temer” é uma expressão que se dilui em si mesma ao colocar uma única
pessoa como responsável pelo que eles chamam de golpe. E na hora certa, se necessário,
nos livramos dessa pessoa - assim como fizemos com o Cunha - e colocamos alguém
mais forte no seu lugar. Por enquanto, ele é necessário e está cumprindo a
agenda proposta. Deixemos que se refestele no governo e brinque um pouco de
presidente. Fale-me sobre os sindicatos, CUT, MTST, MST, esse pessoal...
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Tudo sob controle. Os sindicatos, como a CUT, querem fazer greve geral porque
insistem que o povo está desconfiando deles, mas já foram avisados que greve
geral só se for por somente vinte e quatro horas, não mais que isso. Greves
simbólicas, para marcar presença. Quanto ao MST, MTST, esse pessoal todo está
apavorado com a lei antiterrorismo e só se arriscarão a fazer mais um ou outro
protesto, com gritos e queima de pneus.
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Dilma?
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Quieta.
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Que continue assim. E o Lula?
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Será preso e esquecido numa cela.
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Confesso, capitão, que não sei se seria a melhor estratégia. O Lula bem que
poderia servir, futuramente, quando precisarmos de nova conciliação de interesses,
entende? Ele é ótimo para essas coisas. Até andei falando sobre isso com aquele
rapaz de Curitiba, que, às vezes, se mostra afoito demais.
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Seria o caso de incentivar a proposta de Lula presidente em 2018?
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É o caso. E na hora vence outro que estamos preparando na surdina, desde agora.
Para o povo, eleições é o mesmo que democracia, e se houverem eleições em 2018,
com o Lula candidato, quando ele for derrotado ninguém poderá se queixar de golpe.
E caso ele vença, o que será quase impossível, será nosso, entende?
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Um plano maquiavélico, senhor.
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Obrigado. Está dispensado, capitão.
Será que vai ficar só nas lamúrias? Boa matéria!
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