quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A FICHA DO SUPREMO


O Supremo Tribunal Federal votou pela Ficha Suja. Foi coerente consigo mesmo, apesar de, por alguns instantes, alguns dos membros terem tido arrepios em suas consciências e votado a favor da Lei da Ficha Limpa ser aplicada ainda nestas eleições .

     Mas foram só alguns. Não passaram de cinco. Os outros cinco, alegando inconstitucionalidade ou quaisquer outras razões que buscaram em seus alfarrábios, votaram contra. Foram eles: Cezar Peluso, Celso de Mello, Marco Auréilio, Toffoli e, claro, o Gilmar Mendes. O voto de Minerva será do Cezar Peluso.

     Quem julga o STF, além da opinião pública que, para eles não vale nada, uma vez que o movimento pela Ficha Limpa veio do povo? Ninguém, é claro. Por isso que o STF é Supremo. Acima dele, nenhuma apelação. É o maior poder existente nesta república manca de direitos e farta de leis que não são cumpridas.

     O Presidente da República é julgado diariamente pelos meios de comunicação e (des)informação que o combatem acerbamente em propaganda dirigida pelos donos das empresas de televisão, jornais e revistas, das quais os jornalistas são apenas os transcritores das ideologias dos seus patrões.

     Os membros das duas casas do Parlamento são mostrados em toda a sua extensa corruptibilidade e mesmo assim são reeeleitos pelos hipócritas que com eles compactuam E continuarão a ser reeleitos, porque tem os seus “currais” eleitorais, justamente porque o STF, que é o único poder inquestionável, assim está permitindo.

     Como pode, em uma democracia, haver um Poder inquestionável, acima de tudo e de todos, que sempre tem a última palavra? E – pior ainda – um Poder que em sua última instância, o STF, os ministros são nomeados pelos membros dos outros dois poderes – especificamente pelo Presidente da República, mas depois de todos os acordos e conchavos entre este e os membros do Parlamento. Democracia para quem?

     Para o povo é que não é, porque, quando o povo se manifesta, farto da corrupção daqueles que seriam os seus “representantes” mas que, na verdade, apenas representam os interesses daqueles que os pagam, surge o Supremo.

     O nome já diz: SUPREMO. Nada além dele, nem Deus. Se Deus for julgado pelo SUPREMO, periga perder a sua dignidade divina. Então fica assim: vivemos em um regime democrático, acima do qual está o SUPREMO. Que bela democracia a nossa!...

     E ainda nos conclamam para votar periodicamente, mas você já votou para eleger algum ministro do SUPREMO?

     O que os torna tão diferentes de nós, ínfimos mortais?

     Em primeiro lugar, o salário. Cada ministro do STF recebe, por mês, R$24,5 mil reais, mais os benefícios, quais sejam: jetom de R$735,00 por cada sessão em que cada um deles participa. A gratificação é limitada a oito sessões por mês, o que totaliza R$ 5.880 por mês. Portanto, se participar das oito sessões, o salário do presidente do TSE pode chegar a R$ 30,3 mil.

     Em época eleitoral (a 90 dias das eleições e até a diplomação de eleitos), todos os ministros que participarem de sessões no TSE têm direito a receber o jetom limitado a até 15 sessões – o que totaliza um acréscimo mensal de R$ 11.025 no salário. Se isso ocorrer, o salário passaria para R$ 35,5 mil.

     Além disso, todos os ministros do Supremo podem ocupar apartamentos funcionais; têm direito a auxílio-moradia limitado a R$ 2.750 por mês.

     Os ministros também têm direito a carro oficial com motorista para deslocamentos no Distrito Federal (DF). O tribunal não estipula uma cota específica de gastos com combustível por mês. Segundo o diretor-geral do STF, os automóveis são utilizados de acordo com a necessidade de cada ministro. Cada um deles pode escolher cinco assessores e um chefe de gabinete, que têm cargos comissionados. Os salários não foram divulgados. Segundo a assessoria do STF, esses gastos fazem parte do orçamento do tribunal.

     Também não existe verba adicional para gastos com serviços gráficos ou telefonia, que também fazem parte do orçamento, ou seja, são custeados pelo STF. Os ministros do Supremo têm direito a uma cota de gastos com passagens aéreas. Isso foi decidido por meio de uma resolução do tribunal.

     Os integrantes do Supremo podem utilizar uma passagem aérea por mês para viajar para seus estados de origem. Segundo a assessoria do tribunal, as passagens não podem ser para um trecho mais distante que Brasília-Aracaju (1.650 km). Não há um valor específico para esse tipo de gasto por mês. O STF estipula que o limitador, neste caso, é a distância do trecho e não o preço, que pode variar.

     Está em tramitação no Congresso projeto de lei que prevê aumento de 5% nos salários dos integrantes do STF.

     Com todo esse dinheiro e com todos esses benefícios, os ministros do STF devem possuir um imenso ego. Devem olhar com um microscópio para o povo brasileiro, que ganha salário mínimo, quando consegue ganhar um salário mínimo. Estão muito acima da realidade brasileira e de tudo o que diga respeito ao Brasil de verdade. E são eles que julgam os brasileiros, lá do seu Olimpo inatacável, com aquelas suas togas pretas que envolvem os seus divinos seres. Esperar o que deles?

     E nós, os bobos como sempre, ainda vamos votar, daqui a alguns dias, para elegermos um parlamento, ou parte dele, constituído de pessoas que ganham mais de R$100.000,00 por mês – mais os benefícios. E serão estes que elegeremos que, depois dos seus concílios secretos, cochicharão para o futuro Presidente qual o membro do clube dos Supremos que merecerá ser indicado para o SUPREMO.

     E nós, micróbios.

Um comentário:

  1. Excelente postagem. Mais uma vez o Judiciário em questão: "O SUPREMO". Parabéns! Eu e uma minoria já sabíamos disto, mas é bom lembrar, embora o estômago embrulhe com tamanha falta de tudo neste País. Pobre povo!
    Lidia.

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