segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A INDEPENDÊNCIA DELES





Estava, no dia 20 de agosto, assistindo televisão quando me deparei, no Canal da Câmara, com uma sessão em homenagem à Maçonaria, por ser aquele o seu dia. Fiquei vendo um pouco os auto-elogios dos “irmãos”, e de como eles fazem e acontecem, e como a história daquela seita está estreitamente vinculada à História do Brasil, quando me dei conta! - percebi que a Câmara, o Congresso Nacional, naquele momento estava se auto-anulando.

     Se a História do Brasil é, como eles mesmos dizem, ditada pelas Lojas maçônicas, para que serve o Congresso Nacional? Talvez apenas para referendar o que já foi decidido “ocultamente” entre os verdadeiros donos do poder. Neste caso, o voto dos profanos, como eu, e de tantos milhões de brasileiros – ai de nós! – que também são profanos – e principalmente das brasileiras (porque é vedada a participação de mulheres) é apenas uma maneira formal de fingir democracia.

     E o Congresso declarou, naquela sessão, a sua nulidade no instante em que concordou – com os seus múltiplos aplausos – tudo o que foi dito pelos irmãos maçons aos outros irmãos da platéia. E concordou que a História do Brasil foi feita, e está sendo feita, pela Maçonaria, e não pela vontade do povo. Se isso é verdade, para que votamos?

     Se é realmente verdade que os donos do poder são os maçons – e isto foi dito por eles, mesmo que em termos oblíquos – é de se supor que o restante do povo, que eles chamam de “profanos”, são considerados cidadãos de segunda classe, apenas número para fazer votos e que nem todos são iguais perante a Lei. Porque se o Poder é deles, obviamente não emana do povo. E isso não pode ser chamado de democracia.

O 20 DE AGOSTO E O 7 DE SETEMBRO

     O dia 20 de agosto é o Dia da Maçonaria porque foi em 20 de agosto de 1822 que a Maçonaria decidiu que o Brasil deveria separar-se de Portugal. Sem o povo saber de nada. Para que o povo soubesse disso e para que ficasse oficializada essa separação, o Príncipe-Regente, Dom Pedro I, conhecido como “irmão Guatimozim” na Maçonaria, deu o famoso grito do Ipiranga, no dia 7 de setembro daquele ano. Recebeu a prancha, leu e gritou. Uma encenação perfeita.

     E o povo perplexo, sem nada entender. Ao contrário dos demais países da América Latina, que fizeram as suas revoluções de independência com o apoio do povo e devido à força desse mesmo povo, no Brasil tudo foi feito dentro das Lojas e de cima para baixo. Aliás, neste ano de 2010, a América Latina em peso comemora os duzentos anos de independência, graças à luta e ao sangue do seu povo.

     No Brasil, a independência de Portugal foi declarada devido a fortes interesses. Independência para aqueles que já detinham o poder econômico e queriam a emancipação política para consolidar aquele poder.

     Não foi uma independência que tenha trazido consigo a liberdade, o fim da escravidão, a igualdade e a democracia, como aconteceu na maioria dos demais países latino-americanos, que se constituíram logo em repúblicas após a sua independência da Espanha e, mesmo tendo chefes revolucionários que defendiam a aristocracia, como San Martín, também tiveram defensores do povo, como Bolívar.

     Mesmo assim, os povos dos países latino-americanos continuam lutando pela sua independência até hoje, porque naquele momento, há 200 anos atrás, foram as oligarquias daqueles países que herdaram o poder.

     Ao contrário do povo brasileiro, nos demais povos latinos há uma crescente consciência do significado de liberdade que faz com que a sua luta avance, gradualmente, ano a ano. Uma luta pelo bem-estar dos seus povos, pela independência econômica e conseqüente verdadeira liberdade; uma luta para desmascarar aqueles obscuros “poderes ocultos” que defendem a estagnação, o retrocesso e o entreguismo.

     No Brasil, não surgiu nenhuma revolução visando a independência e a libertação do povo brasileiro. A revolução brasileira ainda está por ser feita. O que aconteceu em 7 de setembro de 1822 foi uma declaração de independência em relação a Portugal, que beneficiou somente as classes dominantes, notadamente a aristocracia rural que ganhava muito dinheiro com a agroexportação e, para que isso continuasse, necessitava do trabalho escravo, e depois, quando a escravidão foi abolida oficialmente, em 1888, o trabalho escravo do povo miserável também foi oficializado, mas sem os grilhões e as senzalas.

     Naquele momento do “Grito do Ipiranga”, Dom Pedro I foi usado, e sabia disso. Ele havia sido alertado por Dom João VI para que tomasse o poder “antes que algum aventureiro” o fizesse. E Dom João VI, em Portugal, era um rei que não reinava, totalmente cerceado por uma Constituição que lhe tirava todos os poderes.

     Dom Pedro I, aliciado para a Maçonaria pelo todo poderoso ministro José Bonifácio, sabia que a independência do Brasil seria o primeiro passo para a República. Mesmo assim, concordou em ser iniciado e proclamar a Independência. Uma semana depois de iniciado na Loja Comércio e Artes já era Mestre Maçom.

     Sabia que era inevitável a independência. Para prepará-la, escreveu o Manifesto de Seis de Agosto – considerado por muitos historiadores como mais importante que a oficial proclamação de independência. Naquele documento, ele escreve: “... Eu, com o conselho dos Representantes populares, e na presença e sob a proteção de Deus Todo-Poderoso, Declaro e proclamo que o Brazil é uma Nação Livre e Independente, e que o Governo Estabelecido é em todos os atos um Governo Independente e Soberano. E a todas as nações amigas Eu declaro que os portos do Brasil estão livres e abertos ao Comércio...”

     Em 7 de setembro, voltando de Santos para São Paulo, recebeu despachos que lhe davam notícias das ordens intransigentes das Cortes de Portugal para a sua volta e do envio de expedições militares. À cavalo, rodeado pelos dragões de sua guarda de honra, uniformizados à austríaca, e dos membros de sua comitiva, arrancou da espada e gritou: “Laços fora, soldados! Pelo meu sangue, pela minha honra, juro fazer a liberdade do Brasil. Independência ou morte!”.

     Um dos despachos, no entanto, segundo Varnhagen, dizia que a independência já fora proclamada pela Maçonaria na sessão de 20 de agosto, “em assembléia geral do povo maçônico”, quando foram reunidas na sede do Apostolado, as três lojas metropolitanas, sob a presidência de Gonçalves Ledo. Cabia ao "irmão Guatimozim" apenas referendar a decisão, fazendo a proclamação da independência ao restante do povo brasileiro.

     Em 9 de setembro, em reunião maçônica no Grande Oriente do Brasil, Dom Pedro foi proclamado imperador. A 4 de outubro, Dom Pedro recebeu o título de Grão-Mestre da Maçonaria brasileira. No dia seguinte, 5 de outubro de 1822, foi-lhe dado o de “Defensor Perpétuo do Brasil”. Logo em seguida, o de “Arconte-Rei”.

     Os maçons se rejubilavam. Tinham o país nas mãos – do Imperador ao último cidadão. Então começou a briga entre eles. Uma das facções, a de Gonçalves Ledo, queria a república; a outra, a dos Andradas, era monarquista. O grupo republicano, de Gonçalves Ledo, ganhava cada vez mais forças. Assim, D. Pedro I alegando "haver muita divergência entre José Bonifácio e Gonçalves Ledo" (as duas principais lideranças maçônicas na época) simplesmente fechou o Grande Oriente do Brasil.

     E aquele ato uniu ainda mais a Maçonaria contra o Império. Depois de uma luta surda de bastidores, em 7 de abril de 1831 D. Pedro I abdicou em favor de seu filho, Pedro de Alcântara (Dom Pedro II) – o qual reinou de 1840 a 1889, quando foi deposto pelos militares maçons que deram o golpe que proclamou a República.

     Mas, naquele 7 de setembro de 1822, Dom Pedro I, prestes a tornar-se Imperador e “Rei-Arconte”, sabia que a independência custava caro. Mas não sabia o quanto!

A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

     Quando Dom João VI veio para o Brasil, em 1808, fugindo do exército de Napoleão, teve que pedir ajuda à Inglaterra, que escoltou os navios da corte portuguesa, com os seus navios de guerra, até a sua chegada ao Brasil. Em troca, quatro dias após chegar ao Brasil, Dom João VI promulgou uma carta-régia que decretava a abertura dos portos às nações amigas – um eufemismo que encobria a entrega dos nossos produtos, para comércio, para a Inglaterra.

     Assim, quando Dom Pedro I declarou que o Brasil era um reino independente de Portugal e teve de enfrentar a reação das tropas portuguesas no Brasil, como não tinha exército ou Marinha contratou mercenários ingleses sob ordens de chefes militares ingleses para fazer o que foi chamado depois de Guerra da Independência. Essa guerra durou até 1824, quando a independência do Brasil foi formalmente reconhecida pelo Reino Unido e por Portugal.

     Em 1824, para poder continuar mantendo o Brasil independente, Dom Pedro I autorizou a realização de uma operação de crédito na Inglaterra. O empréstimo foi feito em duas partes, cabendo o contrato da primeira a um consórcio das casas Farquar Crawford, Fletcher Alexander e Thomas Wilson, e o da segunda a Nathan Mayer Rotschild. Todos maçons.

     Depois, a casa Rotschild comprou todo o empréstimo. O total do empréstimo era de 3,7 milhões de libras esterlinas. Mas as cláusulas contratuais foram tão escorchantes que, pelo dinheiro da época, o Brasil recebeu 12 mil contos e ficou devendo 60 mil contos. Pela primeira vez foram hipotecadas as rendas das alfândegas. Era o início da infindável dívida externa brasileira, que empobreceu principalmente o povo brasileiro, enquanto os oligarcas, os donos do poder, as classes dominantes, enriquecem cada vez mais.

     Em 2008, o Banco Central do Brasil informou que o Brasil possui recursos suficientes para quitar a sua dívida externa. Pois o país registrou reservas superiores à sua dívida externa do setor público e do setor privado. Mas se usarmos essas reservas para pagar a dívida o país ficará... sem reservas. E este tipo de dívida em um país capitalista não é passível de ser paga. Constitui parte do jogo politico. Paga-se as amortizações dos juros da dívida, jamais a dívida. A dívida externa para junho de 2010, somou US$225 bilhões, elevando-se US$6,8 bilhões em relação à posição estimada para o mês anterior.

O RESULTADO

     Deodoro da Fonseca, Prudente de Moraes,Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Washington Luís. Toda a República Velha foi constituída por presidentes maçons, que nada fizeram pelo povo, mas lutaram pelos seus interesses pessoais.

     Depois, em 1930, Getúlio Vargas tomou o poder. Não era maçom, mas nacionalista. Foi deposto em 1945. Eurico Dutra foi eleito presidente, com o apoio do exército e da Maçonaria. Em 1950 Vargas foi eleito e alvo de campanhas difamatórias preferiu o suicídio a entregar o país a essas “forças ocultas”, que, na época, já eram aliadas dos Estados Unidos. Com a sua morte, assumiu a presidência o maçom Café Filho.

     De 1956 a 1961 foi presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, que era maçom, construiu Brasília e endividou ainda mais o Brasil. O maçom Jânio Quadros foi o próximo presidente eleito. Teve um curto mandato - de 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961 — data em que renunciou, alegando que "forças terríveis" o obrigavam a esse ato. Com a renúncia de Jânio, assumiu o vice João Goulart – apesar da resistência das Forças Armadas e da Maçonaria – que, por não ser maçom e desejar fazer um governo honesto e voltado para o povo, foi golpeado em 1º de abril de 1964.

     Seguiu-se uma terrível ditadura militar contra o povo, que durou até 1985. A Maçonaria juntamente com os militares, tentou liquidar com os movimentos de esquerda. No governo de Ernesto Geisel, no dia 15 de maio de 1974, o próprio Grão–Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil sendo senador e do partido situacionista, leu um oficio em que o Grande Oriente reafirmava o seu apoio ao regime de governo que se havia instalado em 1964.

     Nos anos ’80, durante o governo do general Figueiredo, não havendo mais necessidade de ditadura, foi feito um acordo de elites entre os maçons Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, por um lado, e o maçom Golbery do Couto e Silva, por outro. Ficou acordado que as Forças Armadas passariam o poder para os civis e se retirariam para os quartéis, porque já era tempo do Brasil ostentar um regime “democrático”.

     Assim como no 7 de setembro, quando Dom Pedro I deu o famoso "Grito do Ipiranga" para proclamar uma independência que já tinha sido proclamada nas Lojas maçônicas, nos anos '80 - com o apoio da grande mídia - fizeram-se passeatas e “exigências populares” por “Diretas Já” e “Anistia” para parecer ao povo que era ele - o povo - que tomava a frente do processo político.

     Seguiram-se eleições indiretas, onde foi eleito o maçom Tancredo Neves. Com a sua morte prematura, tomou posse o maçom José Sarney. Em 1988, com a aprovação da nova Constituição, foi referendado o pacto das elites. As eleições diretas poderiam acontecer. O primeiro presidente eleito por voto direto foi o maçom Fernando Collor de Mello, que foi retirado do poder para dar lugar ao seu vice, o maçom Itamar Franco. Depois, o maçom Fernando Henrique Cardoso foi eleito duas vezes, sendo presidente por oito anos, período em que completou a obra dos seus antecessores ao implantar o neoliberalismo econômico e a era das privatizações, que entregou de vez o Brasil ao capital estrangeiro.

     Depois de FHC foi a vez de Lula. Mas somente depois que ele se transformou no “lulinha paz e amor”. Por seis vezes foi candidato a presidente da República. Na sexta vez, já devidamente domesticado, foi eleito. Há evidências de que Lula também tenha se tornado maçom e, por essa razão, daquela vez tenham lhe permitido vencer as eleições. O aperto de mão maçônico que ele trocou com George W. Bush é uma das evidências. E o seu governo é outra. Extremamente demagogo, pouco ou nada fez para diminuir as desigualdades sociais no Brasil, está reestruturando as Forças Armadas, seguiu o modelo neoliberal de FHC, fez uma aliança militar com os Estados Unidos e a sua base política inclui todos os partidos que quiserem participar. Não tem qualquer ideologia.

     E o que restou da influência maçônica no Brasil? Qual o resultado de tantos presidentes maçons?

     Desigualdade social, miséria, analfabetismo, fome, massificação, corrupção, entrega do Brasil ao capital estrangeiro. Tudo isso é tipicamente maçom.

     A Maçonaria no Brasil, que acabou com o Império, lutou contra a escravidão e deu o golpe que instituiu a República, não foi além disso.

     Hoje, nem todos os maçons são extremamente reacionários, mas todos são reacionários.

     A Revolução Francesa colocou no poder a classe burguesa, que já tinha o poder de fato através da sua força econômica. A partir da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos, todos os demais países seguiram aquele modelo – com uma fachada democrática que preserva a divisão de classes e o domínio das classes ricas.

     Até ali foi o “progressismo” maçônico. Aquele era o seu objetivo: o domínio e a manipulação do poder. E quando alcançaram o objetivo, deixaram de ser revolucionários.

     Passaram a reagir contra todo o tipo de revolução social, porque se sentiram ameaçados no seu trono imperial construído com juros a prazo fixo.

     Tornaram-se alienados, estanques, envelheceram junto com os seus conceitos que se transformaram em preconceitos. Mostraram-se retrógrados, defensores da divisão de classes, das anomalias sociais, da estupidez policial e das guerras.

     Fecharam-se em grades. Tem medo do povo. Medo do novo.
     Envelheceram e ficaram com medo da morte.
     Vivem da memória dos seus antecessores, que vestiram as mesmas vestes rituais e usaram os mesmos símbolos.
     De vez em quando, para não perderem o hábito, conspiram.
   Conspirações horizontais, visando a preservação e não a evolução.
     Morreram e não sabem que estão mortos.



2 comentários:

  1. Olá Fausto,

    Belo texto, mas você deveria aprofundar mais sua pesquisa. Maçonaria não é uma seita, não é secreta, e sim discreta;
    As mulheres tem acesso as lojas como a ordem "filhas de jó"(para adolescentes) e Grande loja de França (para mulheres);
    Profanos como nós, temos acessos as "lojas" em festas brancas e outros eventos;
    A maçonaria tem e teve diversos líderes importantes, mas entre eles não constam metade do que você citou. Collor, Sarney, Itamar e outros são alguns que nunca foram e nem serão maçons;
    Realmente eles parecem mortos, mas não estão.. apenas deixaram o povo tomar as próprias decisões... (nesse ponto você entra em contradição com o início do seu texto).
    Mas parabéns pela retrospectiva histórica. Abraços.

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  2. Prezado Fausto.

    Surpreende-me a sua coragem em desmistificar, ao menos em parte, essa seita (se não é seita é o que: religião?)que governa de fato o Brasil Em outras épocas, você correria perigo de morte. De qualquer maneira, cuide-se. Eles são capazes de qualquer coisa.
    Parabéns!

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