sábado, 20 de novembro de 2010

A LEI E A PERSONAGEM


É uma questão de lei. Informam-me que deveria ter havido uma impugnação anterior da candidatura de Tiririca e que agora o TSE de São Paulo está apenas cumprindo a lei ao decidir pela diplomação de Tiririca. Ele foi eleito pelo povo, etc. Humpf!

     Mas a questão que eu coloquei não foi esta. Se vão ou não impugnar a eleição de Tiririca devido ao seu provável analfabetismo realmente não vem à questão.

     O que eu expus é que a campanha do Francisco foi baseada na ficção chamada Tiririca – e isso é propaganda enganosa. E é esta a questão que a Justiça deveria ver e não o fato de Tiririca ser ou não analfabeto.

     Coloquei detalhes abundantes sobre esse tema na matéria intitulada “TIRIRICA, A FICÇÃO AUTORIZADA” -http://faustodiogenes.blogspot.com/2010/11/tiririca-ficcao-autorizada.html

     Mas a Justiça é vendada no Brasil. Somente tira a venda dos olhos quando interessa a algum grupo de poder. Leis existem às pilhas, mas são cumpridas?

     Há um cartaz dentro de um posto de gasolina aqui perto de casa onde estão escritas várias leis municipais. Uma delas diz que é proibido o consumo de bebidas alcoólicas dentro ou nas imediações do posto. Pois ali é um ponto de venda de cerveja e outros produtos líquidos à base de álcool, consumidos pelos bêbados contumazes, diariamente, dentro do posto.

     Depois de devidamente embriagados, pegam os seus carros e tornam-se assassinos em potencial. E não é só em Bagé. Olhem à sua volta.

     Leis são feitas todos os dias, nas câmaras municipais, estaduais e na Federal. Mas são cumpridas apenas aquelas que interessam. O braço da lei poderá ser longo ou curto, dependendo da situação.

     Dá a impressão que a principal lei, acima de todas as leis, no Brasil, é a Lei da Relatividade aplicada aos interesses econômicos. Se o costume faz a lei, os que detem maior poder econômico talvez se dêem ao prazer de manipular os costumes. E as leis. Este é um país onde manda quem pode e obedece quem precisa. Se não obedecer, cadeia, mesmo sem lei. Para os pobres, as leis são ditadas pelos ricos.

     Mas, legalmente, tudo o que não estiver previsto em lei é permitido. Isso facilita muita coisa. No caso do Tiririca, como não deve estar previsto que uma ficção, ou uma personagem, não poderá concorrer para um cargo eletivo, temos um carnaval em época de eleições.

     Não é do interesse daqueles que tem o poder nas mãos evitar que candidatos travestidos de personagens sejam candidatos. Personagem dá voto no Brasil. O nosso é um povo que adora a novela das oito. Por isto, o Tiririca será nosso legítimo representante. Mais legítimo impossível.

     É claro que isso não tem nada a ver com justiça. Sabemos que não é justo termos personagens e semianalfabetos justamente fazendo as leis. Mas talvez estejamos a merecer isso. A própria figura da Justiça não é uma personagem?

2 comentários:

  1. É isso aí! Tá dito! Justiça por enquanto aqui em nosso País, ainda é apenas uma palavra. Esperemos que algum dia ela se configure como tal. Para isto não podemos parar de lutar, e a denúncia é o meio.
    Lidia.

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  2. Caro Fausto
    Você tem total razão em certos aspectos, porém, em outros não. Temos dois tipos de justiça: não a do pobre ou do rico, como amplamente divulgada, porém, do tipo de justiça é aplicada a cada caso e, ai sim, os nobres advogados utilizam as que mais venham a beneficiar os seus clientes.
    Existe uma inversão de valores nefasta e perniciosa na Lei: É ELABORADA POR POLÍTICOS.
    Existe ainda a nociva, prejudicial, pervertida submissão do Poder Judiciário ao Poder Executivo, eis que, o Executivo determina o percentual destinado ao Judiciário. Se é necessário XXX valor para o Judiciário, com certeza o que efetivamente será destinado é X. Isto quer dizer que, pela Lei de Responsabilidade Fiscal é destinado XXX ao Poder Judiciário e, na realidade, somente existirá a disposição X. O resto é Virtual.
    É o grande problema do Brasil é que não existe, na realidade, o controle de um poder em relaçao ao outro. O Poder Executivo é o gestor das verbas.
    E o pior vem agora: no nosso país o Poder Executivo escolhe os principais membros do Poder Judiciário e ainda escolhe os membros do Poder Legislativo que terão como função fiscalizar os atos do próprio Executivo.
    Então é assim: os nomes (para as posições mais importantes do Poder Judiciário) são submetidos ao Poder Executivo através de uma lista e, cabe ao presidente, Governador, escolher quem e como.
    Dá para entender agora como “funciona” a coisa? Como NÃO ter autonomia?
    Veja:
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou 52 ministros dos 78 que estão em atividade nos tribunais que compõem a cúpula do Judiciário brasileiro, mas ainda não parou. Até o fim de seu mandato, no dia 1º de janeiro próximo, pode fazer mais 14 ministros. Quando isso acontecer, de cada quatro ministros em ação, 3 deverão sua indicação ao atual presidente da República
    No STJ
    No Superior Tribunal de Justiça Lula indicou 18 dentre os 29 ministros em atividade
    No final de seu mandato Lula poderá ter indicado 18 dos 27 ministros do Tribunal Superior do Trabalho.
    No STM
    Todos os 10 ministros militares do Superior Tribunal Militar foram indicados por Lula, que já preencheu também uma das cinco vagas destinadas aos civis.

    Democracia
    Muito antes de Lula da Silva chegar ao Planalto, já se discutia o modo de escolha dos ministros do Judiciário. A principal crítica que se faz é que a nomeação pelo presidente pode levar a um aparelhamento político da cúpula do Judiciário. É difícil, se não impossível, aquilatar até que ponto a nomeação influencia a atuação do ministro em favor daquele que o nomeou. Se, isso acontece, não deixa rastros
    Fonte:www.conjur.com.br

    Me diga, isso é justo? Leis elaboradas por um Tiririca da vida, nomeaçoes e dinheiro pelo Poder Exceutivo?
    Pergunte ou pesquise quantos dos nomeados são juizes de carreira (prestaram concurso, gramaram na carreira, etc). Não vai acreditar no ínfimo número.
    abraços
    É duro meu caro amigo..................

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