quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

COP 16 - A PIADA DO ANO


Defender o Wikileaks é defender a imprensa livre. Então, Wikileaks neles! Eles acreditam poder dominar inteiramente o mundo, a mente das pessoas, principalmente através das redes sociais, que lhes dão uma idéia dos gostos e preferências de cada participante, uma espécie de dossiê oferecido livremente por cada um de nós. 

     Então divirtam-se, senhoras e senhores, que defendem este sistema e que são pagos para vigiar e tentar manipular crentes e não crentes da sua religião do lucro. Divirtam-se. Sirvam-se, a ceia está posta. “El planteo es planteado” – como dizem os nossos irmãos latino-americanos. No hay nada a esconder de ustedes, mas só um detalhe: vocês também não podem esconder mais nada de nós. Estão assustados? Pois ficarão mais ainda. O Sistema está vazando, a cada momento mais, e vocês estão se sentindo sós e abandonados até pelo seu demiurgo implacável, mas falível.

     Na Conferência do Clima, em Cancún, enquanto os representantes de todos os países que estão destruindo o planeta reúnem-se, quase seriamente, fingindo que estão tentando fazer alguma coisa a respeito quando, na verdade, apenas pensam nas suas próprias indignidades, o povo manifesta-se.

     Já é a 16º Conferência e nada ainda foi feito. Por eles. E eles nada farão. Com certeza, saberão onde esconder o seu ouro, as suas verdades e a sua maligna história quando o mundo começar a ruir e a terra decidir cobrar o seu quinhão kármico. 

     Eles não se importam, porque pensam que somente o povo sofrerá e algumas cidades serão invadidas pelas águas. Inundações, tornados, tufões, tsunamis destruirão grande parte do mundo conhecido, mas o que interessa isso para eles? Apenas ficarão livres de vários incômodos e poderão lucrar ainda mais com o que sobrar. São seres que não tem fronteiras em sua malignidade. Para eles, é mais fácil gerenciar e manipular 30% de 6 bilhões de pessoas. 

     Se depender do Japão, o Protocolo de Kyoto - um tratado que prevê a redução de emissões de carbono, e que termina em 2012 - não terá continuidade. Mas a China, através do seu representante Lyu Zhenmin, destacou que para a China, e outros países em desenvolvimento, a defesa e a continuidade do Protocolo de Kyoto é a base fundamental para a continuidade da reunião de Cancún.

     Assinado em 1997, o documento tem por objetivo reduzir os níveis de emissão dos gases do efeito estufa em 5,2% até 2012, comparando-se com os níveis de 1990. Mas os principais poluidores do planeta - Estados Unidos, Canadá e Austrália - não assinaram o Protocolo de Kyoto e continuam a poluir cada vez mais.

     Para esses países, o que interessa é o lucro e não as consequências do degelos dos pólos, provocado pela emissão de gases poluentes não só de suas fábricas como de suas máquinas de guerra, como o Pentágono.

A POLUIÇÃO DA GUERRA

     De acordo com a jornalista Sara Flounders, o Pentágono é o maior utilizador institucional de produtos de petróleo e energia. E, não obstante, tem isenção geral em todos os acordos climáticos internacionais. As Forças Armadas dos Estados Unidos consomem oficialmente 320.000 barris de petróleo por dia. Esse total não inclui o combustível consumido por empreiteiras ou o combustível consumido em instalações alugadas ou privatizadas. E também não inclui a grande quantidade de energia e de recursos utilizados para produzir e manter seu equipamento letal de bombas, granadas ou mísseis que emprega.

     Steve Kretzmann, diretor da Oil Change International, informa que a guerra do Iraque produziu, pelo menos, 141 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono (MMTCO2E) desde março de 2003 até dezembro de 2007... Essa guerra emite mais de 60% do dióxido de carbono de todos os outros países... 

     Segundo a jornalista e ecologista Johanna Peace, as atividades militares continuarão sendo eximidas de uma ordem executiva assinada pelo presidente Barack Obama e que prevê que as agências federais reduzam suas emissões de gases poluentes até o ano de 2020. Peace assinala que: "As forças armadas representam 80% das necessidades de energia do governo federal". (solveclimate. com).

     A total exclusão das operações globais do Pentágono faz com que as emissões de dióxido de carbono dos EUA pareçam ser muito menores do que são na realidade. E apesar disso, mesmo sem contar com o Pentágono, os EUA têm as maiores emissões de dióxido de carbono do mundo. 

     A guerra de 1991 no Iraque, seguida por 13 anos de cruéis sanções, bem como a invasão de 2003 e a conseqüente ocupação do país, transformou a região - que tem uma história de 5000 anos de ser o celeiro do Oriente Próximo - é hoje uma catástrofe ecológica. A terra arável e fértil do Iraque se converteu em um pântano desértico, no qual o menor vento provoca uma tempestade de areia. 

     O Iraque, que era exportador de alimentos, agora importa 80% de suas necessidades nesse setor. O ministro da agricultura iraquiano estima que 90% da terra sofre uma severa desertificação.

O POVO

     Mas o povo se mobiliza. A Via Campesina conseguiu reunir durante o dia 8 de dezembro – desde às oito da manhã e até às cinco da tarde – representantes de 37 países, que saíram às ruas com o objetivo de pressionar globalmente sobre as negociações da Cúpula do Clima. 

     Todos eles sabem que isso não vai adiantar nada em termos de negociações sobre o clima, mas vai deixar claro que as pessoas que estão em Cancún e que se reúnem no Moon Palace, representando os governos dos países mais nefastos para o planeta – como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Alemanha, França e tantos outros, inclusive o Brasil – na verdade não tem o menor interesse em promover soluções para os problemas climáticos. A COP 16 é a piada do ano.

     Ou, como disse um dos líderes da Via Campesina, Paul Nicholson, do País Basco: “os da COP 16 vivem em outro planeta, inclusive o lugar onde se reúnem revela isso: o Moon Palace. São lunáticos que vivem fora da realidade. Nós, ao contrário, estamos na Terra lutando pela vida.”

     Alberto Gómez, representante da Via Campesina Região Norte da América, acrescentou: “Desejamos que o Acordo dos Povos de Cochabamba seja considerado como o documento de negociação para que os países ricos se comprometam a reduzir suas emissões de gases que provocam o efeito estufa à metade, antes que termine esta década, e seja instituído o Tribunal Internacional de Justiça Climática e Ambiental – entre outras medidas”.

BRASIL DOS ESTADOS UNIDOS

     O Brasil não participou da Cúpula de Cochabamba, nem assinou o Acordo dos Povos. No máximo, mandou algum observador. Naquela época, o governo Lula estava muito preocupado em assinar um tratado militar com os Estados Unidos. 

     Os governantes brasileiros tem o estranho costume de, assim que são eleitos, pedir a bênção aos governantes dos Estados Unidos, como a Dilma está fazendo agora. Não se preocupam com a América Latina, a não ser no sentido de tentar dominá-la.

     Enquanto isto, ficamos sabendo, através do Wikileaks, que os bens do Brasil são vitais para os Estados Unidos. É o mesmo que dizer que o Brasil é dos Estados Unidos, o que não seria grande novidade.

     Recursos minerais e redes de comunicação no Brasil estão na lista de itens estratégicos dos EUA. Reservas minerais em Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul passaram a ser consideradas "locais vitais". O Brasil possui 98% das reservas de nióbio do mundo, e os EUA estão entre os maiores consumidores. O metal é usado na fabricação de peças de automóveis, aviões, obras de infraestrutura e até lâminas de barbear. Há, também, grande interesse em utilizar o minério de ferro e o manganês brasileiro.

     As redes de comunicação (telefonia, internet e dados) foram colocadas no mesmo patamar de prioridade. Para o governo americano, danos ocorridos nos cabos submarinos da Globenet ou da Americas II podem deixar o país com dificuldade de contato com suas empresas no Brasil. Sites com extensão ".com" teriam problemas de acesso afetando também o comércio eletrônico entre os dois países.

     E, no mesmo dia em que a Via Campesina fazia manifestações em Cancún, uma líder indígena amazônica entregou o prêmio “motosserra de ouro” à senadora Kátia Abreu, "por sua defesa ferrenha de mudanças no Código Florestal, em prol de mais desmatamentos no Brasil". Com o apoio de Aldo Rebelo, do PC do B, que foi o relator do Novo Código Florestal, prevendo o aumento de desmatamentos no Brasil. Mas o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza disse que o Código Florestal deverá ser aprovado em 2011.

     Quando Dilma, que vai construir Belo Monte e destruir parte da região do Xingu, no Pará, estiver no poder.  

Um comentário:

  1. Confirma a matéria acima postada. Acrescenta informações valiosas referente ao tema. Obrigada!
    Lidia.

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