quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

LOBÃO E OS TRÊS PORQUINHOS (a meiguice na política brasileira)


O governo está preocupado com as reações internacionais contra Belo Monte. As reações nacionais não interessam. Este é um país que vai pra frente, onde a classe média aprende inglês e se pergunta quem vencerá o BBB. Bárbaro buraco besta está sendo escavado no Pará. Feio buraco. Um buraco que vai dar muito dinheiro para poucas empresas e para o governo.

     Há dez processos na justiça que questionam as irregularidades no licenciamento ambiental para Belo Monte e desrespeito aos direitos das comunidades indígenas. Maurício Tolmasquin, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) diz que “Belo Monte é o resultado da participação social local”. E confia na justiça, ou melhor, no Judiciário. O Executivo também confia muito no Judiciário. São poderes unidos. Muito dinheiro vai render Belo Monte. Sobrará para todos.

     O Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que reúne mais de 250 organizações e movimentos sociais, afirma que Tolmasquin mente. Como, de resto, todo o governo:

     “Essa afirmação é mais uma tentativa do governo de tentar fazer com que as pessoas acreditem que esse é um processo participativo, democrático, transparente. É quase uma tentativa de fazer uma lavagem cerebral nas pessoas que estão de fora, que não acompanham o debate” - diz Renata Soares Pinheiro, uma das coordenadoras do movimento.

     Não foi só Dilma que perdeu a sensibilidade feminina. Uma das mulheres do governo de Dilma, a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, foi colocada nesse cargo por dois motivos: por ser mulher e para fazer andar Belo Monte. Sensibilidade fora. Meio ambiente fora.

     Tem um homem, também, chamado Edison Lobão, que é ministro de Minas e Energia, que foi colocado naquele cargo especialmente para fazer acontecer a tragédia. Como ficarão os Três Porquinhos da Dilma com o Lobão por perto?

     Edison Lobão já foi ministro de Minas e Energia do Lula – de 21 de janeiro de 2008 a 31 de março de 2010. 31 de março. Agora voltou. Chefiou o departamento jornalístico da Globo, no Distrito Federal. Muito amigo dos governos. Gente de confiança. De extrema-direita, como sói acontecer.

     Foi da ARENA, PDS, PFL, DEM, e agora PMDB. É maranhense, muito amigo do Sarney. Só poderia ser do ministério da Dilma. Mesmas idéias, mesmo time. A função desse ministro é pressionar o IBAMA para que este órgão conceda o licenciamento para Belo Monte. As pressões já começaram desde o início do ano, quando Abelardo Bayma, que era o presidente do IBAMA, foi exonerado, porque não quis dar o licenciamento para a usina.

     Ainda tem gente de caráter neste país.

     Depois desse fato, foi fácil conseguir um licenciamento parcial com o seu sucessor, que continua sendo pressionado pelo Lobão para que conceda o licenciamento total. Tudo muito hipócrita.

     Como tudo neste governo. É um governo de roupas bonitas, muita maquilagem e voz fina. Às vezes, voz grossa. Como quando a ditadora de plantão, também apelidada de presidente – ou presidenta, como ela prefere – obrigou as suas bancadas na Câmara e no Senado a votar o salário mínimo por ela prescrito.

     Na mesma lei está incluso que o Executivo vai mandar no Legislativo enquanto a senhora presidenta mandar no país. Simples assim. Ficará mais fácil para o Legislativo, porque não terá nada mais para fazer, a não ser aquelas conversas laterais – as Comissões – que não são mais que conversas laterais. Nenhum poder dentro do Poder nenhum.

     Isto, graças ao PMDB, principalmente. Seus votos de cabresto envergonham a sua história. Transformou-se em um partido mercenário. Vota junto com o governo em troca de ministérios, secretarias, etc. Os outros partidos seguem o mesmo ritmo, na esperança de algum ganho.

     Lamenta-se, também, a morte do PDT, que já foi partido de guerreiros, como o Brizola. Agora faleceu. Faleceu mas ganhou um ministério. 

     O PV, de partido verde só tem a cor, já bastante esmaecida. Nem contra Belo Monte consegue gritar. Ficou rouco e pálido. O PSOL ainda grita, mas não tem nenhuma força. Às vezes grita por desespero; outras, apenas para que todos ouçam. Mais nada.

     A extrema-direita continua sendo extrema-direita. PSDB e DEM concordariam com a Lei Dilma para o salário mínimo, desde que fosse 560 e não 545. Uma questão de detalhes. Ainda esperam alguns afagos governamentais.

     Do PT, falar o que? Do Paim, defensor emérito dos aposentados, que tinha anunciado que não iria votar a proposta do governo, e, depois de uma conversa séria com Dilma, voltou atrás? Falar o que do PT?

     Os membros do PT no Congresso não querem correr ou fazer qualquer tipo de exercício. Muito menos Pilates. Já se acostumaram com as costas curvas, o olhar parado e sem cor e os gestos lentos e perdidos.

     A única novidade do PT é que existem três porquinhos no ministério de Dilma e que, segundo a presidenta, chamam-se Dutra, Cardozo e Palloci. Fica a dúvida: são apenas três? Será que a presidenta contou bem ou só consegue contar até três?

Um comentário:

  1. Bem, esta é apenas a continuação da atuação de nossos políticos e instituições. Com Dilma, o quadro só tende a se agravar.Para pior. Esperemos o que virá por aí, sem muita expectativa. Mas, a luta continua.
    Lidia.

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