sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

PARA QUE CONGRESSO?




O Congresso Nacional deveria ser fechado.

     Não por causa da aprovação do salário mínimo por decreto. Isto era sabido. Quem pode viver com salário mínimo? Não se trata apenas da comida, das cestas básicas. Mas as pessoas tem que viver. Precisam de moradia, dinheiro para pagar os mais altos impostos do mundo, escola, saúde... E todos sabem que escola, habitação, saúde e alimentação não são possíveis apenas com a propaganda do governo. Muito menos com o salário mínimo. Sem falar em diversão e lazer.

     Todos são iguais perante a lei, mas somente perante a lei.

     O salário mínimo nasceu com Getúlio Vargas, como parte de suas leis trabalhistas. Naquela época, não existia nem o mínimo. Os empresários, latifundiários, comerciantes, etc., pagavam o que queriam aos seus empregados. Foi por isso que aboliram a escravidão – para poderem ter mão de obra quase de graça, sem gastar com moradia e alimentação.

     Mandavam os paulistas, os cariocas e os mineiros; foi necessário um advogado gaúcho para lembrar aos trabalhadores que eles também tinham direitos e deveriam reivindicá-los.

     Hoje, voltaram a mandar os paulistas, cariocas e mineiros e os demais estados voltaram a obedecer. Resultado do golpe de 1964, que cumpre a sua segunda etapa com os governos civis de direita, desde 1989.

     O povo pensa que isto é democracia, mas o povo não pensa. Existe toda uma mídia aliada ao poder para fazê-lo não pensar. O povo desconfia que não está tudo bem, mas sempre há um jogo de futebol nas quartas-feiras e outro nos domingos para aliviar a pressão. E as novelas, que mostram um mundo ideal. Na dúvida, as centrais sindicais dizem que democracia é assim mesmo e o povo resmunga e rumina as suas dúvidas em silêncio, porque ninguém quer perder o seu emprego.

     O salário mínimo existe apenas para segregar as pessoas. Quando João Goulart deu 100% de aumento aos trabalhadores como Ministro do Trabalho durante o segundo governo de Getúlio, em 1953, teve que renunciar.

     Quando João Goulart foi eleito vice-presidente, em 1958, primeiro golpearam o presidente Jânio Quadros e tentaram impedir Jango de assumir o governo. Como houve ameaça de guerra civil, Jango pode assumir com poderes restritos em um fabricado governo parlamentarista, onde o eterno mediador entre militares e civis, Tancredo Neves, era o primeiro-ministro. João Goulart convocou um plebiscito em 1963 e o povo disse que o queria como presidente. Em 1964 foi golpeado. Morreu em 1975, mas há rumores de que tenha sido envenenado, por ordem da CIA, para evitar a sua volta ao Brasil.

     Quem vive apenas com salário mínimo, no Brasil de hoje, não consegue sobreviver. Principalmente se tiver família para sustentar. Acaba caindo na marginalidade, ou fazendo “bicos” os mais diversos e estranhos para poder levar cada mês até o fim.

     545 reais por mês é uma piada. Dizem os governistas e seus aliados que equivale a 300 dólares, mas 300 dólares bastante inflacionados. Para a saúde existe o SUS, mas todos sabem o que é o SUS. O governo fornece as farmácias populares e dá alguns remédios de graça. Mas não aceita dar um salário mínimo que dê condições para uma família sobreviver com boa alimentação, evitando as doenças. Quem vive somente com salário mínimo é um escravizado, mesmo que coma somente em restaurantes populares. Não tem opções de vida.

     Os congressistas, que ganham enezilhões a mais que os simples trabalhadores, não se importam com isso. Tampouco o Judiciário ou o Executivo. Formam um mundo à parte e ainda acreditam que os trabalhadores existem para serem escravizados, mental e fisicamente.

     O Congresso deveria ser fechado, ou extinguir-se de pura vergonha. Perdeu a sua razão de ser, que é a defesa os direitos do povo que o elegeu. Além disso, é um Congresso completamente entregue ao Executivo, que é quem dita as suas normas. Um Congresso sem força alguma. E um Congresso sem oposição. A oposição que existe é necessária para que o regime de governo pareça ser uma democracia. De fato, vivemos uma ditadura. Uma ditadura eleita pelo povo, mas ditadura.

     Para que Congresso?

Um comentário:

  1. Ainda ontem conversava com alguém sobre um dos tantos programas gravados no congresso, e que não aguentava mais ver nossos congressistas tentarem ao menos dar alguma seriedade aos problemas básicos da população. O salário mínimo era um deles. Fiquei imaginando seu altíssimo padrão de vida, em contrapartida ao minimíssimo de nosso povo. Matéria mais que oportuna. Na mosca!
    Lidia.

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