sexta-feira, 22 de março de 2013

A GUERRA SECRETA (1) – JESUÍTAS E MAÇONS





O Presidente do Uruguai, Pepe Mujica, foi coerente e preferiu não ir ao Vaticano para a posse do novo papa. Não é católico. Enviou o seu vice-presidente. Há uma grande diferença entre humildade e humilhação. Humildade é o que Jesus ensinou e que nos é tão difícil; humilhação também consiste em beijar o anel dos poderosos em troca de manchetes e prováveis votos. Em janeiro de 1077 o imperador Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico passou pelo que foi chamado depois de humilhação de Canossa. Ficou três dias e três noites às portas do castelo de Canossa para que o papa Gregório VII revogasse a sua excomunhão. Em setembro de 1303, o rei da França, Felipe o Belo, esbofeteou o papa Bonifácio VIII, que não suportou a humilhação e morreu cerca de dois meses depois.

   Felipe o Belo foi o responsável pela perseguição e aparente desintegração da Ordem dos Templários. Em 13 de outubro de 1307 centenas de templários foram presos em todo o território francês, incluindo o grão-mestre Jacques De Molay, que foi morto em 1314, após um longo processo por heresia no qual nada ficou comprovado e quando o papa Clemente V já se dispunha a absolver a Ordem. Muitos outros templários foram mortos, mas a maioria conseguiu fugir, assim  como toda a grande esquadra templária. Supõe-se que receberam abrigo em países como Portugal, Espanha, Suíça e nas ilhas britânicas, principalmente Escócia.

  A maçonaria que, na Idade Média, era uma associação de construtores que guardavam com muito zelo os segredos da profissão através de palavras de passe e sinais, passou a atribuir-se inédito valor ao pesquisar suas origens e descobrir que sempre existiram construtores ou não haveria civilização. Ao contrário das outras corporações de ofício – ferreiros, marceneiros, tecelões, etc... – a corporação dos maçons (construtores) necessitava deslocar-se pela Europa para construir igrejas, fortalezas, estradas e todas as demais obras para as quais era contratada. Reza a lenda que entraram em contato com os templários, os quais, nas suas relações com as seitas e religiões do Oriente Médio durante as desastradas Cruzadas, teriam adquirido um conhecimento oculto superior.

   Era a época das descobertas e redescobertas e o hermetismo, a Cabala, as ciências ditas “ocultas” alegravam a vida dos enfastiados nobres e dos ricos burgueses que já estavam cansados do domínio nada esotérico da Igreja Católica e entendiam que o mundo devia  pertencer àqueles que tem mais armas e mais dinheiro. É muito provável que esses nobres e burgueses, ainda bem antes do Renascimento tenham usado a associação dos pedreiros livres como forma de agir subterraneamente contra o inimigo representado pela Igreja, mesmo que a Grande Loja da Inglaterra, a primeira organização maçônica a aceitar membros que não pertenciam à guilda dos pedreiros, tenha sido organizada oficialmente em 1717. Além de operativa, a maçonaria passava a especulativa e todos os mistérios do universo estavam à disposição dos ricos adeptos, incluindo os supostos segredos dos templários.

   Antes disso, bem antes, quando o Protestantismo tomou vulto em diversos países e a Igreja se sentiu ameaçada, Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus, em 1540. Católicos e protestantes promoviam pios massacres, sendo o mais famoso a Noite de São Bartolomeu, quando mais de 2.000 protestantes foram mortos na França. Nos países protestantes houve a expulsão e assassinato de sacerdotes católicos e de cerca de 30.000 anabatistas. Na Inglaterra, católicos eram assassinados em massa.

   Um dos reformadores, o teólogo Thomas Munzer, levou a Reforma a sério, não a entendendo como uma luta entre reis e a Igreja, e em 1524 promoveu a revolta dos anabatistas na Alemanha - no que foi chamado de Guerra dos Camponeses – e propondo uma sociedade sem diferenças sociais e sem propriedade privada. Os camponeses foram massacrados e sobre isso ficou célebre a frase de Lutero: “Contra as hordas de camponeses, quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde”.

   Não é improvável nem impossível que Lutero (e demais reformadores) fosse maçom ou “templário”, como sugerem algumas lendas da época, incluindo o livro contemporâneo “O Papa Negro”, de Ernesto Mezzabotta, que, mesmo sendo pobre literatura de ficção, no seu primeiro capítulo “revela” que os templários teriam subsistido secretamente, desde a sua oficial dissolução no século XIV, preparando a vingança contra a arqui-inimiga Igreja Católica Romana, a começar pelas reformas protestantes. Mezzabotta – obviamente autor maçom – diz em seu livro que Inácio de Loyola pertenceria aos templários, conhecendo todos os segredos, mistérios, sinais e passes da organização, mas que teria se retirado, junto com mais seis companheiros para fundar a Companhia de Jesus, com o objetivo principal de defender a Igreja dos seus inimigos: protestantes e maçons.

   Os dois grupos – maçons e jesuítas – provinham da mesma base templária e desejariam a destruição da Igreja. Os maçons através de uma organização secreta que iria minar, aos poucos, as bases da Igreja. Loyola desejava (no livro citado) acabar com o espírito de rebelião, que tinha a Reforma Protestante como ponta de lança, defender e aumentar o Poder do Papa e da Igreja e, com o passar do tempo, fazer do catolicismo uma fonte de poder de onde poderia veicular facilmente as ideias templárias, o que daria aos jesuítas o domínio do mundo. Ou seja, os objetivos eram os mesmos; os meios a serem empregados para alcançá-los é que eram diferentes.

   Nos séculos XVI e XVII, os jesuítas cresceram muito, e além  de defenderem a Igreja da perniciosa infiltração maçônica, espalharam-se pelo mundo levando a mensagem do Cristianismo. O seu trabalho missionário foi único na história da Igreja. Eram cerca de 13.000 em todas as partes do mundo. Na América do Sul ficaram famosos os trinta povos guaranis, reduções jesuíticas que formaram uma república que, segundo vários autores, superaram em muito a civilização ocidental. Por quase meio milhão de quilômetros quadrados, no Paraguai, Argentina e Rio Grande do Sul, as "tierras de Dios", em cada missão, tinham tudo em comum. Os indígenas da nação guarani, antes considerados “selvagens”, alcançaram alto grau de desenvolvimento social e intelectual, formando o que foi considerado depois uma autêntica república socialista, que durou quase dois séculos – de 1610 a 1768. Uma ameaça à proposta de uma civilização capitalista que surgia na Europa maçônica. A República Guarani foi destruída pelos exércitos de mamelucos paulistas, escravagistas apelidados de “bandeirantes”, unidos aos exércitos espanhóis.

   No Oriente, os jesuítas promoveram a evangelização em países como Ceilão, Tibete, ilhas Molucas, Etiópia, Marrocos, Congo e, principalmente China e Japão – lugares onde o trabalho de São Francisco Xavier teve grande destaque. Crescia a Companhia de Jesus em todos os lugares, ao mesmo tempo em que ajudava a Igreja a fazer a sua Reforma Católica. E quanto mais crescia, mais era combatida. Intrigas surgiam de toda a parte e os chefes da Igreja, devedores de favores às casas reais, temiam aquela ordem formada por combatentes do Cristianismo.

   Após as guerras religiosas a maçonaria tomou a frente na luta semi-aberta contra  o papado e os jesuítas. Suas ideias gerais eram muito atraentes para aqueles que detestavam a Igreja: Jesus não era Deus; não havia céu ou inferno; não havia Trindade de pessoas divinas – somente o Grande Arquiteto do Universo. Premissas inaceitáveis para o catolicismo, que as combateu através de bulas papais colocando sob excomunhão todo aquele que pertencer a uma organização maçônica. Mesmo assim, e apesar da rápida expansão dos jesuítas, a Igreja e os governos europeus foram infiltrados pela maçonaria, sendo que na década de 1700 os estadistas mais poderosos pertenciam a lojas maçônicas: o marquês de Pombal, consultor-real de Portugal, o conde de Aranda, consultor-real na Espanha, o ministro de Tillot e o duque de Choiseul na França, o príncipe von Kaunitz e Gerard von Swieten na corte dos Habsburgos na Áustria, a família real da Inglaterra e quase toda a sua corte. Por extensão, as colônias européias nas Américas eram dominadas por maçons. Pouco depois da fundação oficial da Grande Loja da Inglaterra, em 1717, as principais lojas maçônicas européias tornavam-se inimigos da jurisdição papal centralizada e dos ensinamentos dogmáticos da Igreja.

   Entre 1759 e 1761, todos os jesuítas de Portugal foram expulsos e os seus bens confiscados. Em 1767 aconteceu o mesmo na Espanha e colônias. Em 1769, o cardeal Lorenzo Ganganelli somente se transformou no papa Clemente XIV depois de prometer às potestades maçônicas que liquidaria com os jesuítas. Em 21 de julho de 1773, a bula papal “Dominus ac Redemptor” extinguia a Companhia de Jesus. Os maçons exultavam: agora só restava conquistar o resto do mundo. No entanto, na época da tentativa de extinção dos jesuítas, Catarina da Rússia e Frederico da Prússia negaram-se a aceitar o decreto de Clemente XIV e acolheram nos seus territórios o que restava da Companhia de Jesus. 

    Em 1776, um jesuíta que fora reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Ingolstadt, na Baviera, fundou a Ordem dos Perfectibilistas ou Ordem dos Iluminados da Baviera, também conhecida como Illuminati.

(Continua).

4 comentários:

  1. olha gente o que o governo esta fazendo com Delfinópolis por conta dessa copa.......aproveitando deixo aqui meu link para meu problema com o judiciario.......

    http://www.passosmgonline.com/index.php/2014-01-22-23-07-47/regiao/1152-lago-de-peixoto-manifestacao-acontece-em-delfinopolis

    http://www.portalpch.com.br/index.php/noticias-e-opniao/noticias-pch-s/3182-02-05-2014-cenario-ameacado-represa-de-delfinopolis-ira-secar-ate-13m#.U22WQYFdU_Y

    http://www.gcn.net.br/noticia/249269/regiao/2014/05/represa-de-delfinopolis-ira-secar-ate-13-m

    www.oberdanbarbosa.wordpress.com

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  2. Parabéns pelo texto, Fausto. Teria como você disponibilizar as fontes? Obrigado!

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