O
Presidente do Uruguai, Pepe Mujica, foi coerente e preferiu não ir ao Vaticano
para a posse do novo papa. Não é católico. Enviou o seu vice-presidente. Há uma
grande diferença entre humildade e humilhação. Humildade é o que Jesus ensinou
e que nos é tão difícil; humilhação também consiste em beijar o anel dos
poderosos em troca de manchetes e prováveis votos. Em janeiro de 1077 o imperador
Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico passou pelo que foi chamado depois
de humilhação de Canossa. Ficou três dias e três noites às portas do castelo de
Canossa para que o papa Gregório VII revogasse a sua excomunhão. Em setembro de
1303, o rei da França, Felipe o Belo, esbofeteou o papa Bonifácio VIII, que não
suportou a humilhação e morreu cerca de dois meses depois.
Felipe o Belo foi o responsável pela
perseguição e aparente desintegração da Ordem dos Templários. Em 13 de outubro
de 1307 centenas de templários foram presos em todo o território francês,
incluindo o grão-mestre Jacques De Molay, que foi morto em 1314, após um longo
processo por heresia no qual nada ficou comprovado e quando o papa Clemente V
já se dispunha a absolver a Ordem. Muitos outros templários foram mortos, mas a
maioria conseguiu fugir, assim como toda
a grande esquadra templária. Supõe-se que receberam abrigo em países como
Portugal, Espanha, Suíça e nas ilhas britânicas, principalmente Escócia.
A maçonaria que, na Idade Média, era
uma associação de construtores que guardavam com muito zelo os segredos da
profissão através de palavras de passe e sinais, passou a atribuir-se inédito
valor ao pesquisar suas origens e descobrir que sempre existiram construtores
ou não haveria civilização. Ao contrário das outras corporações de ofício –
ferreiros, marceneiros, tecelões, etc... – a corporação dos maçons
(construtores) necessitava deslocar-se pela Europa para construir igrejas,
fortalezas, estradas e todas as demais obras para as quais era contratada. Reza
a lenda que entraram em contato com os templários, os quais, nas suas relações
com as seitas e religiões do Oriente Médio durante as desastradas Cruzadas,
teriam adquirido um conhecimento oculto superior.
Era a época das descobertas e
redescobertas e o hermetismo, a Cabala, as ciências ditas “ocultas” alegravam a
vida dos enfastiados nobres e dos ricos burgueses que já estavam cansados do
domínio nada esotérico da Igreja Católica e entendiam que o mundo devia pertencer àqueles que tem mais armas e mais dinheiro.
É muito provável que esses nobres e burgueses, ainda bem antes do Renascimento
tenham usado a associação dos pedreiros livres como forma de agir subterraneamente
contra o inimigo representado pela Igreja, mesmo que a Grande Loja da
Inglaterra, a primeira organização maçônica a aceitar membros que não
pertenciam à guilda dos pedreiros, tenha sido organizada oficialmente em 1717.
Além de operativa, a maçonaria passava a especulativa e todos os mistérios do
universo estavam à disposição dos ricos adeptos, incluindo os supostos segredos
dos templários.
Antes disso, bem antes, quando o
Protestantismo tomou vulto em diversos países e a Igreja se sentiu ameaçada,
Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus, em 1540. Católicos e protestantes
promoviam pios massacres, sendo o mais famoso a Noite de São Bartolomeu, quando
mais de 2.000 protestantes foram mortos na França. Nos países protestantes
houve a expulsão e assassinato de sacerdotes católicos e de cerca de 30.000
anabatistas. Na Inglaterra, católicos eram assassinados em massa.
Um dos reformadores, o teólogo Thomas
Munzer, levou a Reforma a sério, não a entendendo como uma luta entre reis e a
Igreja, e em 1524 promoveu a revolta dos anabatistas na Alemanha - no que foi
chamado de Guerra dos Camponeses – e propondo uma sociedade sem diferenças sociais
e sem propriedade privada. Os camponeses foram massacrados e sobre isso ficou
célebre a frase de Lutero: “Contra as hordas de camponeses, quem puder que
bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais
peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde”.
Não é improvável nem impossível que
Lutero (e demais reformadores) fosse maçom ou “templário”, como sugerem algumas
lendas da época, incluindo o livro contemporâneo “O Papa Negro”, de Ernesto
Mezzabotta, que, mesmo sendo pobre literatura de ficção, no seu primeiro
capítulo “revela” que os templários teriam subsistido secretamente, desde a sua
oficial dissolução no século XIV, preparando a vingança contra a arqui-inimiga
Igreja Católica Romana, a começar pelas reformas protestantes. Mezzabotta –
obviamente autor maçom – diz em seu livro que Inácio de Loyola pertenceria aos
templários, conhecendo todos os segredos, mistérios, sinais e passes da
organização, mas que teria se retirado, junto com mais seis companheiros para
fundar a Companhia de Jesus, com o objetivo principal de defender a Igreja dos
seus inimigos: protestantes e maçons.
Os dois grupos – maçons e jesuítas –
provinham da mesma base templária e desejariam a destruição da Igreja. Os
maçons através de uma organização secreta que iria minar, aos poucos, as bases
da Igreja. Loyola desejava (no livro citado) acabar com o espírito de rebelião,
que tinha a Reforma Protestante como ponta de lança, defender e aumentar o
Poder do Papa e da Igreja e, com o passar do tempo, fazer do catolicismo uma
fonte de poder de onde poderia veicular facilmente as ideias templárias, o que
daria aos jesuítas o domínio do mundo. Ou seja, os objetivos eram os mesmos; os
meios a serem empregados para alcançá-los é que eram diferentes.
Nos séculos XVI e XVII, os jesuítas
cresceram muito, e além de defenderem a
Igreja da perniciosa infiltração maçônica, espalharam-se pelo mundo levando a
mensagem do Cristianismo. O seu trabalho missionário foi único na história da
Igreja. Eram cerca de 13.000 em todas as partes do mundo. Na América do Sul
ficaram famosos os trinta povos guaranis, reduções jesuíticas que formaram uma
república que, segundo vários autores, superaram em muito a civilização
ocidental. Por quase meio milhão de quilômetros quadrados, no Paraguai,
Argentina e Rio Grande do Sul, as "tierras
de Dios", em cada missão, tinham tudo em comum. Os indígenas da nação
guarani, antes considerados “selvagens”, alcançaram alto grau de
desenvolvimento social e intelectual, formando o que foi considerado depois uma
autêntica república socialista, que durou quase dois séculos – de 1610 a 1768.
Uma ameaça à proposta de uma civilização capitalista que surgia na Europa
maçônica. A República Guarani foi destruída pelos exércitos de mamelucos
paulistas, escravagistas apelidados de “bandeirantes”, unidos aos exércitos
espanhóis.
No Oriente, os jesuítas promoveram a
evangelização em países como Ceilão, Tibete, ilhas Molucas, Etiópia, Marrocos,
Congo e, principalmente China e Japão – lugares onde o trabalho de São
Francisco Xavier teve grande destaque. Crescia a Companhia de Jesus em todos os
lugares, ao mesmo tempo em que ajudava a Igreja a fazer a sua Reforma Católica.
E quanto mais crescia, mais era combatida. Intrigas surgiam de toda a parte e
os chefes da Igreja, devedores de favores às casas reais, temiam aquela ordem
formada por combatentes do Cristianismo.
Após as guerras religiosas a maçonaria
tomou a frente na luta semi-aberta contra
o papado e os jesuítas. Suas ideias gerais eram muito atraentes para aqueles
que detestavam a Igreja: Jesus não era Deus; não havia céu ou inferno; não
havia Trindade de pessoas divinas – somente o Grande Arquiteto do Universo.
Premissas inaceitáveis para o catolicismo, que as combateu através de bulas
papais colocando sob excomunhão todo aquele que pertencer a uma organização
maçônica. Mesmo assim, e apesar da rápida expansão dos jesuítas, a Igreja e os
governos europeus foram infiltrados pela maçonaria, sendo que na década de 1700
os estadistas mais poderosos pertenciam a lojas maçônicas: o marquês de Pombal,
consultor-real de Portugal, o conde de Aranda, consultor-real na Espanha, o
ministro de Tillot e o duque de Choiseul na França, o príncipe von Kaunitz e
Gerard von Swieten na corte dos Habsburgos na Áustria, a família real da
Inglaterra e quase toda a sua corte. Por extensão, as colônias européias nas
Américas eram dominadas por maçons. Pouco depois da fundação oficial da Grande
Loja da Inglaterra, em 1717, as principais lojas maçônicas européias
tornavam-se inimigos da jurisdição papal centralizada e dos ensinamentos
dogmáticos da Igreja.
Entre 1759 e 1761, todos os jesuítas de
Portugal foram expulsos e os seus bens confiscados. Em 1767 aconteceu o mesmo
na Espanha e colônias. Em 1769, o cardeal Lorenzo Ganganelli somente se
transformou no papa Clemente XIV depois de prometer às potestades maçônicas que
liquidaria com os jesuítas. Em 21 de julho de 1773, a bula papal “Dominus ac
Redemptor” extinguia a Companhia de Jesus. Os maçons exultavam: agora só
restava conquistar o resto do mundo. No entanto, na época da tentativa de
extinção dos jesuítas, Catarina da Rússia e Frederico da Prússia negaram-se a
aceitar o decreto de Clemente XIV e acolheram nos seus territórios o que
restava da Companhia de Jesus.
Em 1776, um jesuíta que fora reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Ingolstadt, na Baviera, fundou a Ordem dos Perfectibilistas ou Ordem dos Iluminados da Baviera, também conhecida como Illuminati.
(Continua).
Em 1776, um jesuíta que fora reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Ingolstadt, na Baviera, fundou a Ordem dos Perfectibilistas ou Ordem dos Iluminados da Baviera, também conhecida como Illuminati.
(Continua).
obrigada!
ResponderExcluirolha gente o que o governo esta fazendo com Delfinópolis por conta dessa copa.......aproveitando deixo aqui meu link para meu problema com o judiciario.......
ResponderExcluirhttp://www.passosmgonline.com/index.php/2014-01-22-23-07-47/regiao/1152-lago-de-peixoto-manifestacao-acontece-em-delfinopolis
http://www.portalpch.com.br/index.php/noticias-e-opniao/noticias-pch-s/3182-02-05-2014-cenario-ameacado-represa-de-delfinopolis-ira-secar-ate-13m#.U22WQYFdU_Y
http://www.gcn.net.br/noticia/249269/regiao/2014/05/represa-de-delfinopolis-ira-secar-ate-13-m
www.oberdanbarbosa.wordpress.com
Parabéns pelo texto, Fausto. Teria como você disponibilizar as fontes? Obrigado!
ResponderExcluirParabéns pela postagem!
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