quarta-feira, 2 de março de 2011

TALVEZ DURANTE O CARNAVAL



"É necessária muita imaginação para inventar-se tanta loucura (disfarçada de cordura). E o marco deste ir e vir das informações manejadas (desde um controle central, EEUU, que opera como o chefe de imprensa da mídia do mundo). Já me parecia estranho (muito estranho) tanta promoção às chamadas revoluções do mundo árabe. Como é que a grande mídia passa a utilizar com tanta normalidade a palavra “revolução”? Desde quando a chefatura da informação global se reconciliou com uma palavra que, através do tempo, só lhe inspirava terror? Acaso não resulta muito (mas muito) suspeitoso ver os “modelitos midiáticos” anunciar (quase com velas na mão) a chegada da “revolução” ao mundo árabe?"

(Tradução de excerto da matéria “Revueltas Suspetosas”, do escritor e jornalista espanhol Edgar Borges).


     Eles vão atacar. Talvez durante o carnaval, quando o mundo estará com os olhos fixos naqueles desfiles rígidos do Rio de Janeiro, que sempre atraem todos, não pela pseudo-beleza, mas pela nudez das protagonistas.

     O Brasil é um país de pelados e se regozija disso. Em uma dessas matérias insossas sobre o aniversário do Rio de Janeiro, a Globo entrevistou somente os turistas estrangeiros sobre a beleza eufórica da cidade.

     Os brasileiros não existem em uma cidade turística do Brasil. Somente aparecem na hora marcada pela bateria – na paradinha – como sorridentes servos que apontam a estátua do Cristo Redentor para os ricos e embevecidos visitantes dos outros países. No Brasil, para ser brasileiro é necessário ter a capacidade de tornar-se invisível e não incomodar os verdadeiros senhores.

     Época de turismo é quando até a malandragem típica do carioca cede lugar à beleza das favelas que um dia despencarão dos morros. Tudo é belo!

     Eles vão atacar também porque precisam testar as novas armas. Senão, para que existiria indústria bélica? Já imaginaram uma indústria que não vende? Iria à falência. E a indústria bélica tem vendas garantidas. Até o Brasil vende a morte, embora se mascare de país do carnaval.

     Nos últimos 10 anos, empresas nacionais venderam mais de 700 toneladas de armamentos, entre foguetes, mísseis e bombas, a países em conflitos armados. Armas que já mataram quase dois milhões de pessoas. Só para o Sri Lanka, na Ásia, foram exportadas 116 toneladas de material bélico. No último mandato do presidente Lula, a lista de países importadores envolvidos em guerras quintuplicou. E a explicação do Itamaraty para autorizar a exportação é simples: se o Brasil não vender, outros venderão.

     O Brasil é um país capitalista e a morte faz parte da sua agenda. Matamos aqui e em outros tantos países, por encomenda. Aqui é uma questão de limpeza. Todos os dias são mortos suspeitos de tráfico de drogas pela polícia que tem licença para matar. Ninguém reclama, porque os mortos são pobres e os pobres, mesmo mortos, não existem. Ou por outra, existem como estatística.

     É necessário que o país esteja limpo até 2014, para que as cidades sede da Copa pareçam lindas, brancas e européias. Empurrar as favelas para longe, bem longe, tirar a pobreza das ruas e acabar com a visão da miséria. Este é um país que tem escrúpulos morais. Também aqui temos uma guerra.

     Eles vão atacar porque não admitem resistência às suas ordens. Kadhafi já deveria ter renunciado; como ousa resistir a tanta pressão? Só porque é nacionalista? Tirem-lhe o dinheiro, arrasem Trípoli, matem todos. Cortem-lhe a cabeça!

     Eles vão atacar porque querem o gás e o petróleo. As maiores reservas de petróleo da África. É muito petróleo para uns beduínos que ainda rezam cinco vezes por dia para um tal da Alá! Que absurdo! Em pleno século XXI ainda acreditarem em um deus... Ainda se fosse um país pobre, deixariam passar, mas com tantas riquezas!...

     Riqueza é coisa para rico - como pensa o povo brasileiro, em sua lógica simplista, quando vê chegar os turistas e se hospedarem naqueles hotéis de luxo. E o povo vai logo jogar na loteria. Quem sabe um dia... Enquanto isto, muito cuidado com a polícia, principalmente se for negro e pobre. E os ricos brasileiros ficaram ricos com o tráfico de negros, com a escravização dos índios, com o roubo dos minérios.

     E hoje, com o tráfico de drogas, com o desmatamento e venda de madeiras nobres, com a pecuária extensiva na Amazônia, com o plantio de transgênicos, com a escravização de pobres de todas as cores nas usinas de cana de açúcar, com a entrega da indústria às multinacionais. E o povo fica feliz quando tem trabalho, mesmo que trabalho escravo, porque estará livre de ser morto pela policia que mata os desempregados.

     Eles vão atacar porque são os donos do mundo e a imprensa é deles e os justifica diariamente em troca do seu quinhão de poder. Todas as mentiras são permitidas quando se trata de matar e pilhar. É uma imprensa livre para iludir e este é um mundo que está sendo feito para aqueles que gostam de drogas de todos os tipos.

     Talvez durante o carnaval.

Um comentário:

  1. É... Eles sempre dão um jeito de atacar! Quem sabe no carnaval? Desde que hajam riquezas para usurpar, tudo vale. Também achei estranho, de repente, estas insureições em cadeia no mundo arábe. O alvo agora é Kadhafi, mas outros virão. Valeu a matéria!
    Lidia.

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