terça-feira, 27 de dezembro de 2011

UMA OPOSIÇÃO DE FANTOCHES


Há queixas de que a oposição no Congresso pouco atuou este ano; que não teria feito nada contra a coligação governista; que é insossa, inodora e incolor e que seus líderes (?) pouco fazem, muito menos os liderados.

     Mas que oposição? Ora, no Congresso, com a honrosa exceção dos poucos representantes do PSOL, não há oposição alguma. Finge-se que há uma oposição – que seria representada pelo PSDB e DEM – porque é necessário que se finja que há uma democracia. Mas aqueles partidos travestidos de oposição tem a mesma ideologia mercantilista dos partidos que apóiam o Governo e que estendem tapetes vermelhos à sua passagem, em troca de ministérios e dinheiro e da possibilidade de algumas corrupções acordadas entre as partes interessadas.

     Mesmo o Partido Verde, de quem muitos esperavam alguma coisa depois da expressiva votação de Marina Silva, mostra-se acovardado ou demasiado discreto, talvez à espera de algum convite para integrar a base governista, em troca de um ministério de menor expressão. Tanto é assim, que a citada ex-senadora saiu daquele partido, preferindo fundar um movimento do qual não se sabe notícias, mas, enfim, já é alguma coisa diferente dos partidos que são sempre compráveis.

     Mas os partidos apelidados de “oposição” no Congresso, qual a diferença entre eles e o PT e PMDB. Talvez apenas o discurso. São mais sinceros e admitem ferozmente que defendem o capitalismo e o neoliberalismo econômico, doa em quem doer, enquanto PT, PMDB e demais partidos da base governista, em seus discursos pragmáticos, muito levemente falam de um socialismo do qual só lembram o nome e que na prática revela-se um capitalismo selvagem aliado das grandes potências predatórias.

     Na prática, PT, PMDB, PR, PC do B, PDT e outros que não lembro agora, são partidos que defendem o latifúndio, as grandes empresas, o arrocho salarial, a devastação dos campos e matas do Brasil, que consideram sua propriedade, e a marginalização da pobreza.

     O discurso é outro. Dilma diz que é a mãe dos pobres, a feminista que liberará as mulheres e a ex-socialista que foi presa e torturada durante o regime militar – mas quem testemunhou essa prisão e essas torturas? E mesmo que seja verdade, não teria sido mais uma prisão amiga, de conciliação, posto que agora Dilma é a primeira a desejar que os culpados por torturas e assassinatos não sejam punidos?

     Mesmo porque Dilma é um produto e uma continuação do marketizado produto Lula – um ex-líder operário, que teve e tem como missão abafar a luta operária nas suas raízes e compactuar com as forças do capital.

     Então, que oposição é essa que somente se difere dos partidos governistas através das siglas e que vota junto tudo que o Governo propõe contra o povo e o território brasileiros, como o Código Florestal, a Desvinculação de Receitas da União (que dá ao Governo 20% do que for arrecadado em impostos para usar como bem quiser), o desmatamento da Amazônia, a desertificação das terras agricultáveis, a destruição do que resta da Mata Atlântica, o fortalecimento do latifúndio e dos grileiros (ladrões de terra), os esquadrões da morte, as invasões de favelas pelas Forças Armadas e se queixa tristemente dos grandes roubos que são descobertos nos ministérios e outras esferas do Governo, porque dele não faz parte e não pode também roubar?

     Uma oposição de fantoches. Uma oposição de farsantes, que cumprem o “democrático” papel de se oporem àquilo que desejariam fosse por eles proposto.

     Inodora, insossa e incolor; principalmente incolor, porque não tem bandeiras a defender, idéias a divulgar; nada que seja diferente do que os partidos do Governo defendem e divulgam.

     Um imenso nada, um majestoso deserto, como a política brasileira, em todos os seus setores chafurdando no lodaçal da corrupção que a alimenta.

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