sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A RUSSIA NA MIRA DO IMPÉRIO



Um império mundial deixa de ser mundial quando não consegue dominar a tudo e a todos. À beira do Ganges Alexandre recuou e desistiu de invadir a Índia. Do outro lado, um imenso exército esperava o ataque que não aconteceu. Alexandre recuou e conformou-se com o que já tinha conquistado. Pouco tempo depois morreu e o seu império se desvaneceu nas mãos dos sátrapas – os governadores de províncias, que eram distribuídas aos amigos mais chegados de Alexandre.

     Para explicar melhor, os sátrapas eram iguais aos ministros do governo Lula/Dilma. Defendiam os seus próprios partidos e queriam todo o dinheiro para si. Por isto o império de Alexandre não se susteve, após a sua morte. Dividiu-se em satrapias que, no decorrer dos tempos foram sendo retomadas pelos povos árabes da região e, principalmente pelos persas, que hoje são chamados de iranianos.

     Obama, o representante mór do atual império, quer porque quer invadir o Irã. São duas as principais razões. A primeira é a que a imprensa espalha: o Irã estaria prestes a construir bombas atômicas - e Estados Unidos e seus aliados querem o poder nuclear somente para eles. A segunda é porque o presidente do Irão, Ahmadinejad, negou o propalado holocausto judeu – e isso é um pecado mortal no mundo atual, quando todos são obrigados a acreditar que houve a morte de seis milhões de judeus na Alemanha nazista.

     Há outras razões menores, como apropriar-se do gás iraniano, vender bebidas alcoólicas e vestes ocidentais para os iranianos, dominá-los através de uma mídia amestrada – assim como fazem no Brasil -, usar o território do Irã, depois de conquistado, para exercícios de guerra contra a Rússia.

     Mas como invadir o Irã, se China e Rússia se opõem? Principalmente a Rússia, que fica quase do lado, logo ali, passando o Azerbaijão. E a Rússia, agora, mesmo não sendo mais oficialmente soviética, voltou a ser uma grande potência que ameaça a expansão do império.

     A Rússia acaba de construir um escudo nuclear em Kaliningrado, um enclave na fronteira entre a Polônia e a Lituânia. A partir dali, armas táticas nucleares – ofensivas e defensivas – poderão ser acionadas em direção à Europa e à OTAN. Inclusive, o presidente russo Dimitri Medvedev advertiu para uma nova corrida armamentista, se Rússia e Otan não chegarem a um acordo sobre um sistema comum de defesa antimíssil.

     De acordo com “A Voz da Rússia” - http://portuguese.ruvr.ru/2011/01/28/41707622.html - “Segundo o construtor geral do Instituto de Tecnologia Térmica de Moscou, as obras de construção do novo tipo de ogivas nucleares terminaram em 2010. O novo míssil pode ter um grande alcance dos blocos de ataque capazes de destruir alguns alvos afastados por uma longa distância um do outro. Por isso a detecção e a destruição de ogivas com quaisquer meios de defesa antimíssil são dificultadas. Os mass-média já chamaram o novo míssil russo “uma arma invulnerável”.”

     Eis o ponto: a Rússia se opõe ao império. E o império quer destruir a Rússia, ou, pelo menos, colocar o seu governo em mãos confiáveis. Mãos e mentes que sejam confiáveis e compráveis e que destruam o escudo antimísseis de Kaliningrado e concordem com as resoluções da ONU sobre invadir Síria e, principalmente, o Irã. E alguns outros países que a OTAN ache necessário invadir e espoliar.

     De acordo com o mesmo site citado acima, no último dia 6 de dezembro, observadores ligados ao escritório das Instituições Democráticas e Direitos Humanos, uma das instituições da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) disseram que “as eleições para o Parlamento russo (Duma de Estado), realizadas no domingo passado, corresponderam aos padrões internacionais e à lei eleitoral da Federação Russa. Esta é a avaliação dos observadores internacionais. Segundo os especialistas, foram registradas algumas violações, porém em sua maioria eram de natureza técnica e não afetaram o resultado da votação.”

     “A alta representante da OSCE, Heidi Tagliavini considerou a organização das eleições como muito boa:

     “Antes de tudo quero assinalar que as eleições foram bem organizadas. O que não é uma tarefa fácil, considerando o tamanho da Rússia. No entanto, as eleições – não é um evento de um dia. Este é um processo que envolve o Estado, diversas organizações, e os próprios eleitores. Você não pode julgar a eleição apenas por um dia e tirar conclusões definitivas.”

     Mas o partido do presidente Dimitri Medvedev e de Vladimir Putin, chamado de “Rússia Unida”, venceu as eleições, com pouco mais de 50% dos votos. Em segundo lugar, ficou o Partido Comunista, com cerca de 20% dos votos. Isso significa que para que o partido de Putin governe com tranqüilidade, deverá fazer acordos com o Partido Comunista – e isso o império não aceita.

     Já não gostavam de Putin, que sempre se mostrou independente; detestavam o nome “Rússia Unida” do seu partido e a aproximação da Rússia com o Irá e com a Bielo-Rússia, que é o último estado soviético do Leste europeu. Muito menos admitiam que a Rússia não concordasse em ser subserviente à ONU e à OTAN.

     Então foi preparada a palhaçada. Apesar dos observadores internacionais terem atestado a normalidade das eleições, surgiram denúncias de fraude, vindas diretamente da Casa Branca. Gorbachev, o traidor mais famoso da história recente, engrossou as denúncias e Facebok e Twitter tentam fazer o resto.

     No entanto, é um tiro no pé, porque se as eleições tivessem sido fraudadas, quem teria sido prejudicado diretamente seria o Partido Comunista, que ficou em segundo lugar e não o “Rússia Justa”, que obteve cerca de 13% dos votos e seria o eleito por Washington devido ao seu tom direitista.

     O “Rússia Unida”, de Putin e Medvedev, não é exatamente um partido de esquerda. É um partido de centro, mas com fortes cores nacionalistas. E o maior inimigo do capitalismo é o nacionalismo.

     Um império que visa a dominação mundial não pode aceitar uma potência que tenha um governo nacionalista. Então, fará de tudo para desacreditar esse governo, desde passeatas e manifestações da classe média de direita até as tradicionais ameaças da ONU e manobras da OTAN. Usarão as redes sociais e muito mais.

     Além disso, com a crise na Europa e nos Estados Unidos e com os protestos do povo que vem sendo massacrado por essa crise, nada melhor que uma guerra para dissipar tensões.

     Depois que mataram tantas vezes Bin Laden é necessário achar outro inimigo comum, e por que não a Rússia?

2 comentários:

  1. Interessante a matéria. Ótima análise sobre o que está acontecendo na Rússia, e para variar, informações relevantes à respeito.
    Lidia.

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  2. Caro Amigo
    Estou lendo apartir de agora!
    Como sempre inteligencia pura!!
    Abraço querido Guru!!
    Tato Moreira

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